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Casa Civil se nega a comentar planilhas que integram dossiê
EXCLUSIVO Em nota de anteontem, assessoria de Dilma sugeriu possibilidade de manipulação dos dados originais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Casa Civil se recusou a comentar a existência de um arquivo de seu sistema de computadores contendo planilhas do
dossiê com os gastos da família
FHC e de tucanos.
Os documentos publicados
na edição de hoje da Folha com
detalhes do dossiê foram apresentados ontem à tarde à assessoria da Casa Civil. Depois de
uma reunião realizada sem a
presença da ministra Dilma
Rousseff, o ministério informou, no início da noite, que só
se manifestaria hoje.
As novas informações seriam
enviadas à comissão de sindicância instalada na semana
passada para investigar o caso,
com prazo até o final de abril
para apresentar as conclusões.
Sobre o conteúdo dos documentos, a resposta foi lacônica.
A Casa Civil segue negando a
existência de um dossiê e reconhece as planilhas como "fragmentos" de uma base de dados
do Palácio do Planalto.
Desde o início da semana, a
Casa Civil vem se recusando a
responder perguntas encaminhadas pela Folha.
Por meio de nota encaminhada na noite de anteontem, a
assessoria de Dilma nega a
existência de um dossiê e apresenta uma nova versão para as
planilhas que circularam no
Congresso, sugerindo a possibilidade de manipulação dos
dados originais da base de dados do Planalto. Essa versão
conflita com os documentos
extraídos diretamente dos
computadores da Presidência,
a que a Folha teve acesso.
Logo no primeiro item, a nota da Casa Civil diz que o que o
governo chama de banco de dados não é o mesmo que a Folha
chama de dossiê. A planilha
destas 13 páginas reconhecida
pela Casa Civil como parte do
banco de dados do Planalto, de
acordo com a nova versão, "não
confere com as nossas, nem na
seqüência nem na forma de organização das informações".
A nota segue: "Tal fato sugere a possibilidade de ter sido
montada com fragmentos da
base de dados organizada para
alimentar o Suprim, com as informações contidas nos processos de prestação de contas
dos suprimentos de fundos das
contas tipo B".
Confrontada com a versão
computadorizada dos arquivos,
com os registros de datas e horários, a Casa Civil manteve a
versão da véspera.
"Se alguém produziu um
dossiê a partir dessas informações, não foi por ordem ou solicitação do corpo dirigente da
Casa Civil, que só tomou conhecimento de tal documento
por intermédio da própria Folha", diz a Casa Civil na nota.
A Casa Civil não reconhece
viés político na elaboração das
planilhas. Mas, pela primeira
vez, recua num dos principais
motivos apresentados para justificar o trabalho do banco de
dados. "Nunca foi dito que o
sistema foi criado por recomendação explícita do TCU".
Segundo a nota, "o viés político
quem deu foi uma parte da imprensa ao acolher a versão de
que o material foi produzido
para promover chantagem,
desprezando outras hipóteses
para investigação".
Desde a terça, a Folha afirma
que o tribunal jamais pedira ou
recomendara a organização
das prestações de contas de
gastos de suprimento de fundos do governo FHC. Em auditorias sobre os gastos do governo Lula com cartões corporativos, o TCU constatou a falta de
controle das despesas, entre
outras irregularidades, como a
existência de notas fiscais irregulares em 35% dos comprovantes de despesa analisados.
A nota da Casa Civil também
reproduz trechos de comentários do ombudsman da Folha,
Mário Magalhães, sobre a cobertura do caso e diz: "Em relação ao vazamento de dados, a
Folha sabe mais do que a Casa
Civil, neste momento. Poderia
facilitar o trabalho de investigação se ao menos desse aos
seus leitores uma indicação de
onde obteve o documento".
Na abertura da nota, a assessoria da ministra Dilma afirma
que as perguntas encaminhadas pelo jornal foram consideradas "prejudicadas". "O questionário enviado pela Folha
parte do princípio de que a Casa Civil montou um dossiê ou
um arquivo paralelo com gastos supostamente comprometedores do governo anterior.
Tal premissa é falsa".
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