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QUESTÃO AGRÁRIA
O petista Manoel dos Santos diz que estratégia é a mais eficiente forma de acelerar reforma agrária
Presidente da Contag quer mais invasões
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O novo presidente da Contag
(Confederação
Nacional dos
Trabalhadores
na Agricultura),
Manoel dos
Santos, 45, defendeu ontem o aumento do número de invasões de terra como
forma de acelerar a política de reforma agrária.
Santos disse que irá votar no
pré-candidato do PT à Presidência
da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, mas afirmou que não usará a
entidade para fazer campanha política.
Santos substituirá no cargo o tucano Francisco Urbano. Apesar de
ter promovido protestos contra o
governo durante sua gestão na
Contag, Urbano irá pedir o apoio
do presidente Fernando Henrique
Cardoso para disputar este ano
uma vaga de deputado federal pelo
PSDB do Rio Grande do Norte.
2 milhões
A meta da nova diretoria da
maior entidade de trabalhadores
rurais da América Latina é colocar
2 milhões de agricultores em assentamentos de reforma agrária
durante seu mandato.
Com isso, a entidade quer elevar
a meta anual de assentamentos do
governo para 500 mil famílias.
"Para agilizar a reforma agrária,
o que mais tem dado resultado é a
ocupação de terra, porque os sucessivos governos nada fizeram, e
o que o atual governo tem feito
ainda é muito pouco", afirmou
Santos.
Presidente da Federação dos
Trabalhadores Rurais de Pernambuco, Santos disse que promoveu
nos últimos cinco anos 23 invasões de terra no Estado.
Essas ações foram realizadas
principalmente na zona canavieira, com a mobilização de cerca de
5.000 famílias.
Questionado sobre a afirmação
do ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) de que as invasões
de terra só contribuem para aumentar a violência no campo,
Santos afirmou que a impunidade
é a principal responsável por essa
violência.
"Cerca de mil pessoas já foram
mortas e apenas 3% dos responsáveis por esses crimes foram processados e condenados", disse ele.
"A Contag tem quase 40 anos de
experiência de luta pela reforma
agrária e não irá praticar porra-louquice (inconsequência)."
Conhecido como Manoel de Serra, por ser natural de Serra Talhada (PE), Santos disse que, como
"cidadão", fará campanha a favor
de seu candidato à Presidência da
República (Lula), mas não quer
vincular a entidade a nenhum partido político.
"A Contag não pode ser de um
partido. Nem do PSDB nem do PT.
A Contag estava nas mãos dos trabalhadores e continua nas mãos
dos trabalhadores", disse ele.
Peru
Santos elogiou a gestão de Urbano, que organizou invasões aos
ministérios da Agricultura e do
Planejamento, onde um peru foi
colocado em 97 na mesa do então
ministro Antonio Kandir.
O candidato derrotado, Airton
Faleiro, atual diretor de Políticas
Sociais da Contag, acusou Santos
de ter feito aliança com federações
contrárias à CUT (Central Única
dos Trabalhadores), à qual a Contag é filiada.
"Santos corre o risco de se tornar refém da direita com a qual se
aliou para vencer a eleição", afirmou Faleiro, sindicalista com
atuação na região da Transamazônica (Pará).
O candidato vencedor preferiu
pregar o fortalecimento da entidade com a participação dos militantes da chapa derrotada.
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