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MÍDIA
Presidente assina documento de apoio à liberdade de imprensa, mas não se arrepende de ter tentado expulsar jornalista
População sabe perceber a mentira, diz Lula
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em evento no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse que a população sabe diferenciar "verdades" e "mentiras" veiculadas na imprensa.
"Temos que acreditar que esse
povo por si só consegue fazer uma
diferenciação daquilo que é correto daquilo que não é correto, daquilo que ele acha que é verdade e
daquilo que ele acha que é exagero. Engana-se aquele político que
acha que faz as coisas e pensa que
o eleitor não faz o julgamento correto. E se engana, também, aquele
que escreve alguma coisa sem
imaginar ou sem acreditar que o
povo tem capacidade de discernimento para saber o que é exagero,
o que é verdade, o que é mentira."
A fala de Lula ocorreu em evento no qual assinou um documento internacional de apoio à liberdade de imprensa e de expressão,
a Declaração de Chapultepec.
"Toda vez que me levanto e penso
em reclamar da imprensa, fico
imaginando que o [Richard] Nixon renunciou por causa de uma
mentira. Eu fico imaginando pelo
que passou o Bill Clinton, com os
problemas da Casa Branca, e foram meses e meses", afirmou.
Desde que assumiu a Presidência, em 2003, Lula tem mantido
uma relação turbulenta com a imprensa. Um dos agravantes foi o
envio ao Congresso Nacional da
proposta de criação do CFJ (Conselho Federal de Jornalismo), que
visava "orientar, disciplinar e fiscalizar" o exercício da profissão.
Outro atrito foi na decisão (e depois recuo) de expulsar o jornalista Larry Rohter, do "New York Times", após ele ter publicado reportagem na qual o acusava de
abusos alcoólicos. Ontem, questionado se se arrepende do pedido de expulsão de Rohter, respondeu, irritado: "Não, não, não".
Participaram da cerimônia empresários e jornalistas de diferentes veículos de comunicação. A
Folha foi representada por Judith
Brito, superintendente e diretora
corporativa de RH e Jurídico.
A Declaração de Chapultepec
(firmada num castelo com esse
nome na Cidade do México, em
1994), diz que "as autoridades devem estar legalmente obrigadas a
pôr à disposição dos cidadãos, de
forma oportuna e eqüitativa, a informação gerada pelo setor público". Fernando Henrique Cardoso
assinou o documento em 1996.
Também falaram no evento o
presidente da Associação Nacional de Jornais, Nelson Sirotsky, e a
presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa, Diana Daniels. Sirotsky disse que a decisão
de Lula "reveste-se de grande caráter simbólico". Daniels disse
que Lula "é conhecido por sua defesa de valores democráticos".
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