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Relatório de CPI não aponta erro em uso de cartão
Documento final diz que na gestão de FHC houve "delitos muito mais graves" e ignora caso do dossiê com gastos do ex-presidente
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório final da CPI dos
Cartões, apresentado ontem
pelo deputado Luiz Sérgio
(PT), não admite irregularidades no uso dos cartões corporativos da parte dos ministros do
atual governo, diz que na gestão
passada se cometeu "erros e delitos muito mais graves" e ignora o caso do dossiê que revelou
gastos da gestão FHC. Não há
pedidos de indiciamento.
O texto, que será votado na
quinta, reserva 666 páginas, incluindo os anexos, para os "erros" de ex-ministros tucanos
-Raul Jungmann, Paulo Renato, Martus Tavares, Pimenta da
Veiga e Francisco Weffort- e
43 para falar de "equívocos" de
ministros de Lula -Orlando
Silva (Esporte), Altemir Gregolin (Pesca) e Matilde Ribeiro
(ex-chefe da Igualdade Racial).
A oposição decidiu apresentar voto em separado no qual
irá pedir o indiciamento dos
envolvidos na confecção do
dossiê, incluindo a ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil) e a
secretária-executiva da pasta,
Erenice Guerra, que mandou
confeccionar o documento.
Na semana passada, os deputados Carlos Sampaio (PSDB) e
Índio da Costa (DEM) apresentaram os sub-relatórios nos
quais pouparam os ministros.
Ontem, foram enquadrados
por dirigentes das siglas e pela
presidente da CPI, senadora
Marisa Serrano (PSDB).
"Quando um ministro falta
com a verdade, como Dilma,
não tem como não pedir indiciamento. Ela disse ao Senado
que o dossiê não existiu. (...) Está mais do que comprovado que
o dossiê existiu", disse Serrano.
A oposição também irá pedir
o indiciamento de Gregolin,
Orlando e Matilde. Os três foram instados pela CGU a devolver verba gasta irregularmente.
Porém, para o relator, eles cometeram "equívocos, utilização inadequada do cartão". Em
nenhum momento escreveu
que foram gastos irregulares.
Matilde usou o cartão em
restaurantes e no aluguel de
carros. Orlando comprou uma
tapioca em Brasília e se hospedou em hotel quatro estrelas no
Rio com três pessoas. Para a
CGU, o pagamento de alimentação em Brasília foi irregular.
Luiz Sérgio escreveu que, por
causa da tapioca, Orlando foi
"exposto ao ridículo" enquanto
que o "ex-ministro Francisco
Weffort [de FHC] realizou despesas com alimentação de mais
de R$ 47 mil."
Gregolin pagou despesas em
restaurantes para terceiros. O
relatório propõe que o governo
autorize o uso do cartão para
pagar refeições em encontros
de trabalho. As denúncias envolvendo tucanos são sobre
gastos em restaurantes, hotéis
e com aluguel de veículos.
Sobre os gastos da Presidência, o relator escreveu que "nada de anormal foi identificado".
A oposição criticou o trabalho.
"Acho que a gente está no mundo da Disney e somos todos os
patetas", reagiu o deputado federal Vic Pires (DEM-PA).
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