São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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Relatório de CPI não aponta erro em uso de cartão

Documento final diz que na gestão de FHC houve "delitos muito mais graves" e ignora caso do dossiê com gastos do ex-presidente

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório final da CPI dos Cartões, apresentado ontem pelo deputado Luiz Sérgio (PT), não admite irregularidades no uso dos cartões corporativos da parte dos ministros do atual governo, diz que na gestão passada se cometeu "erros e delitos muito mais graves" e ignora o caso do dossiê que revelou gastos da gestão FHC. Não há pedidos de indiciamento.
O texto, que será votado na quinta, reserva 666 páginas, incluindo os anexos, para os "erros" de ex-ministros tucanos -Raul Jungmann, Paulo Renato, Martus Tavares, Pimenta da Veiga e Francisco Weffort- e 43 para falar de "equívocos" de ministros de Lula -Orlando Silva (Esporte), Altemir Gregolin (Pesca) e Matilde Ribeiro (ex-chefe da Igualdade Racial).
A oposição decidiu apresentar voto em separado no qual irá pedir o indiciamento dos envolvidos na confecção do dossiê, incluindo a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e a secretária-executiva da pasta, Erenice Guerra, que mandou confeccionar o documento.
Na semana passada, os deputados Carlos Sampaio (PSDB) e Índio da Costa (DEM) apresentaram os sub-relatórios nos quais pouparam os ministros. Ontem, foram enquadrados por dirigentes das siglas e pela presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB).
"Quando um ministro falta com a verdade, como Dilma, não tem como não pedir indiciamento. Ela disse ao Senado que o dossiê não existiu. (...) Está mais do que comprovado que o dossiê existiu", disse Serrano.
A oposição também irá pedir o indiciamento de Gregolin, Orlando e Matilde. Os três foram instados pela CGU a devolver verba gasta irregularmente. Porém, para o relator, eles cometeram "equívocos, utilização inadequada do cartão". Em nenhum momento escreveu que foram gastos irregulares.
Matilde usou o cartão em restaurantes e no aluguel de carros. Orlando comprou uma tapioca em Brasília e se hospedou em hotel quatro estrelas no Rio com três pessoas. Para a CGU, o pagamento de alimentação em Brasília foi irregular.
Luiz Sérgio escreveu que, por causa da tapioca, Orlando foi "exposto ao ridículo" enquanto que o "ex-ministro Francisco Weffort [de FHC] realizou despesas com alimentação de mais de R$ 47 mil."
Gregolin pagou despesas em restaurantes para terceiros. O relatório propõe que o governo autorize o uso do cartão para pagar refeições em encontros de trabalho. As denúncias envolvendo tucanos são sobre gastos em restaurantes, hotéis e com aluguel de veículos.
Sobre os gastos da Presidência, o relator escreveu que "nada de anormal foi identificado". A oposição criticou o trabalho. "Acho que a gente está no mundo da Disney e somos todos os patetas", reagiu o deputado federal Vic Pires (DEM-PA).


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