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Conselho abre processo contra Paulinho
Paulo Piau (PMDB) é relator da ação que pode resultar na cassação do pedetista, suspeito de integrar esquema de desvio do BNDES
Deputado diz que "não há possibilidade de renúncia" e que processo era o que ele queria para "ter chance de provar a armação política"
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Ética da Câmara instaurou ontem processo contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, por suposto envolvimento em esquema de desvio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O
deputado Paulo Piau (PMDB-MG) será relator da ação por
quebra de decoro, que poderá
levar à cassação do pedetista.
As denúncias contra Paulinho surgiram na Operação
Santa Tereza, da Polícia Federal, que desarticulou em abril
grupo acusado de envolvimento com tráfico de mulheres, exploração de atividade de prostituição e em fraudes em concessão de empréstimo do BNDES.
A partir do momento que o
processo está instaurado, uma
eventual renúncia do deputado
não pára sua tramitação. Se for
cassado, Paulinho perderá os
direitos políticos por oito anos.
O relator do processo contra
Paulinho afirmou que pretende
"dar a maior celeridade possível ao caso", concluindo o relatório em 90 dias e evitando
prorrogar os trabalhos do conselho por mais 90 dias, como
prevê o regimento. "As denúncias são muito graves, mas temos que analisar as provas e
ouvir as testemunhas antes de
opinar. Na semana que vem,
pretendo ouvir Paulinho, se
possível", disse Piau.
Articulação
Paulinho tem prazo de cinco
sessões para apresentar sua defesa ao conselho. O deputado já
começou uma articulação política fazendo contato com líderes e presidentes de partidos
para que se posicionem contra
sua cassação caso o processo
chegue ao plenário da Câmara.
Ele já conversou com os partidos da base aliada e com lideranças do DEM e do PSDB.
Além de Paulinho, oito pessoas serão chamadas por Piau a
depor: o advogado Ricardo Tosto; Elza Pereira, mulher de
Paulinho e dirigente da ONG
Meu Guri; João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho;
Antonio Diniz, assessor da Força Sindical; Paulo de Tarso Pires Gracia, jornalista que prestou consultoria ao gabinete de
Paulinho; o empresário Marcos
Mantovani; José Gaspar de
Campos, vice-presidente do
PDT de São Paulo; e o coronel
reformado da Polícia Militar
Wilson Consani.
Todos foram citados no parecer do corregedor da Câmara,
deputado Inocêncio Oliveira
(PR-PE), favorável à cassação.
Piau está no primeiro mandato e foi escolhido após uma
reunião fechada entre os integrantes do conselho minutos
antes de ser instaurado o processo contra Paulinho. Ele se
candidatou à presidência semana passada contra Sérgio
Moraes (PTB-RS), mas desistiu
depois de um acordo.
Defesa
Paulinho disse querer comparecer o mais breve possível
ao conselho para se defender.
"Não há possibilidade de renúncia e acho que é a oportunidade de fazer os esclarecimentos necessários. Era o que eu
queria, ter mais chances de
provar que é armação política."
Pela manhã, horas antes de o
Conselho de Ética se reunir,
Paulinho chegou à Câmara vestindo camiseta da Força Sindical e boné, acompanhado de
centenas de sindicalistas para
participar de audiência no plenário pela redução da jornada
de trabalho. Foi solicitado a tirar fotos e dar autógrafos. "Se
achavam que as denúncias
iriam me afetar de forma negativa, o efeito foi contrário. Nunca dei tanto autógrafo na vida."
Colaborou MARIA CLARA CABRAL , da Sucursal
de Brasília
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