São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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Conselho abre processo contra Paulinho

Paulo Piau (PMDB) é relator da ação que pode resultar na cassação do pedetista, suspeito de integrar esquema de desvio do BNDES

Deputado diz que "não há possibilidade de renúncia" e que processo era o que ele queria para "ter chance de provar a armação política"


SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Ética da Câmara instaurou ontem processo contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, por suposto envolvimento em esquema de desvio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O deputado Paulo Piau (PMDB-MG) será relator da ação por quebra de decoro, que poderá levar à cassação do pedetista.
As denúncias contra Paulinho surgiram na Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, que desarticulou em abril grupo acusado de envolvimento com tráfico de mulheres, exploração de atividade de prostituição e em fraudes em concessão de empréstimo do BNDES.
A partir do momento que o processo está instaurado, uma eventual renúncia do deputado não pára sua tramitação. Se for cassado, Paulinho perderá os direitos políticos por oito anos.
O relator do processo contra Paulinho afirmou que pretende "dar a maior celeridade possível ao caso", concluindo o relatório em 90 dias e evitando prorrogar os trabalhos do conselho por mais 90 dias, como prevê o regimento. "As denúncias são muito graves, mas temos que analisar as provas e ouvir as testemunhas antes de opinar. Na semana que vem, pretendo ouvir Paulinho, se possível", disse Piau.

Articulação
Paulinho tem prazo de cinco sessões para apresentar sua defesa ao conselho. O deputado já começou uma articulação política fazendo contato com líderes e presidentes de partidos para que se posicionem contra sua cassação caso o processo chegue ao plenário da Câmara.
Ele já conversou com os partidos da base aliada e com lideranças do DEM e do PSDB. Além de Paulinho, oito pessoas serão chamadas por Piau a depor: o advogado Ricardo Tosto; Elza Pereira, mulher de Paulinho e dirigente da ONG Meu Guri; João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho; Antonio Diniz, assessor da Força Sindical; Paulo de Tarso Pires Gracia, jornalista que prestou consultoria ao gabinete de Paulinho; o empresário Marcos Mantovani; José Gaspar de Campos, vice-presidente do PDT de São Paulo; e o coronel reformado da Polícia Militar Wilson Consani.
Todos foram citados no parecer do corregedor da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), favorável à cassação. Piau está no primeiro mandato e foi escolhido após uma reunião fechada entre os integrantes do conselho minutos antes de ser instaurado o processo contra Paulinho. Ele se candidatou à presidência semana passada contra Sérgio Moraes (PTB-RS), mas desistiu depois de um acordo.

Defesa
Paulinho disse querer comparecer o mais breve possível ao conselho para se defender. "Não há possibilidade de renúncia e acho que é a oportunidade de fazer os esclarecimentos necessários. Era o que eu queria, ter mais chances de provar que é armação política."
Pela manhã, horas antes de o Conselho de Ética se reunir, Paulinho chegou à Câmara vestindo camiseta da Força Sindical e boné, acompanhado de centenas de sindicalistas para participar de audiência no plenário pela redução da jornada de trabalho. Foi solicitado a tirar fotos e dar autógrafos. "Se achavam que as denúncias iriam me afetar de forma negativa, o efeito foi contrário. Nunca dei tanto autógrafo na vida."


Colaborou MARIA CLARA CABRAL , da Sucursal de Brasília


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