Presidente acha que Gilberto Carvalho deve ficar no governo e por isso vai apoiar candidatura do ex-senador José Eduardo Dutra

Lula prefere que seu chefe de gabinete permaneça na Esplanada na campanha; o ministro José Múcio deve ser indicado para vaga no TCU

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu apoiar a candidatura do presidente da BR Distribuidora, o ex-senador José Eduardo Dutra, para concorrer à presidência do PT em novembro. E vai indicar o ministro José Múcio (Relações Institucionais) para o TCU (Tribunal de Contas da União).
Segundo a Folha apurou, Lula já conversou com seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e pediu que ele ficasse no governo. Carvalho era apontado como favorito para comandar o PT a partir do final do ano, quando haverá renovação da direção partidária.
Lula prefere que Carvalho fique a fim de reforçar o primeiro escalão na reta final do governo, quando ministros deixarão os cargos para concorrer às eleições de outubro de 2010.
A decisão de indicar Múcio para o TCU também reflete um interesse em reforçar o time que terminará o mandato com Lula em 31 de dezembro de 2010. A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, era cotada para a vaga que foi aberta no tribunal com a aposentadoria do ministro Marcos Vilaça. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, gostaria de indicar Erenice para esse posto.
Mas, como Dilma faz tratamento de saúde e deverá se afastar da Casa Civil em 2010 para disputar a Presidência pelo PT, Lula acha melhor que Erenice fique no governo. Carvalho ou Erenice poderiam substituir Dilma. Ele poderia ainda ocupar outro posto -na área social, por exemplo.
Em conversa com Lula, Múcio demonstrou interesse no TCU. O ministro disse que achava que tinha cumprido uma fase na articulação política e deixou claro que não gostaria de concorrer novamente a deputado federal. No TCU, seria um ministro simpático ao atual governo. Lula se queixa de que o tribunal teria viés oposicionista porque ministros foram indicados no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A saída de Dutra da BR Distribuidora abrirá uma vaga importante para composição política numa hora de CPI da Petrobras no Senado. A BR é uma subsidiária da estatal.

Disputa petista
A articulação para tentar eleger Dutra será mais complicada do que seria a operação pró-Carvalho. O chefe de gabinete do presidente transita nas diversas correntes do PT.
Ex-senador por Sergipe, José Eduardo Dutra pertence ao campo moderado e majoritário do PT: ele é da corrente "Construindo Um Novo Brasil". É a tendência de Lula e do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil).
A tendência "Mensagem ao Partido", corrente moderada do ministro Tarso Genro, deverá apresentar como candidato o atual secretário-geral do partido, o deputado federal José Eduardo Cardozo (SP).
Num cenário de disputa, outras tendências petistas também deverão apresentar seus candidatos. Com apoio de Lula, Dutra será o favorito.
O presidente da República deverá se reunir com atual presidente do PT, o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), para formalizar a decisão pró-Dutra. Carvalho poderá ser indicado para um cargo na Executiva.


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