São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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SUCESSÃO
Para o pré-candidato a vice-presidente na chapa de Lula, atitudes não terão radicalismo, mas racionalismo
Brizola quer governo de centro-esquerda

LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio

O ex-governador Leonel Brizola (PDT), pré-candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse ontem à Folha que um eventual governo petista não seria de esquerda.
"Vamos fazer um governo de centro-esquerda. Pode escrever. Não vamos atuar com radicalismo, mas com racionalismo", afirmou Brizola. "Não vamos fazer nenhuma política sectária. Vamos governar para todos. Queremos mais justiça social."
Além disso, Brizola disse que "o empresariado brasileiro vai ter oportunidades que nunca teve para solucionar a seus impasses".
Como exemplo, afirmou que Lula pretende incentivar a exportação e, dessa forma, gerar mais empregos. Para o ex-governador, Lula será a personificação de "um pacto social na vida brasileira".

Privatizações
Brizola declarou que, se a chapa PT-PDT chegar à Presidência, o processo de privatizações será modificado após uma auditoria para "descobrir falcatruas".
"Não vamos seguir de olhos fechados com esses processos obscuros que eles têm adotado. Onde houver irregularidade e roubalheira, iremos em cima", afirmou o ex-governador.
Posteriormente, segundo ele, será feito um exame para definir setores da economia em que o Estado poderá ser afastado em função de privatizações. "Não somos religiosos nesse aspecto", afirmou, salientando que "cada caso será discutido individualmente".
Nos setores da economia citados por Brizola não está incluída a Petrobrás, por exemplo. "Nunca discuti isso com o Lula porque essa questão nem passa pelo nosso pensamento."
Ele afirmou que não concorda com o atual modelo de privatizações seguido pelo governo, pois ele estaria concentrando o capital. "Fez os ricos mais ricos e dilapidou o patrimônio do povo brasileiro", disse.
Apesar do descontentamento com o modelo do governo, Brizola afirmou que as privatizações já realizadas não devem ser revistas. "Temos de cuidar do interesse geral do país e da população daqui para a frente, e não ficarmos presos a uma enrolada do passado", afirmou Brizola.
Falando pausadamente e medindo as palavras durante toda a entrevista telefônica, Brizola avaliou que a aproximação de Lula ao presidente Fernando Henrique Cardoso nas pesquisas eleitorais deve ser encarada com "certa prudência", embora esteja criando, segundo ele, uma reação do que classifica como "continuísmo".

Terrorismo
O ex-governador define como "terrorismo para assustar a classe média" as críticas afirmando que sua chapa com Lula possa representar algum tipo de ameaça "a isso ou aquilo".
"Não pretendemos ser uma ameaça para ninguém", afirmou. Segundo ele, Lula quer atuar como um conciliador na Presidência da República.
"Vamos trabalhar pelo bem público e evitar que nosso país seja um país em que só privilegiados venham fazer suas colheitas." Para Brizola, o capital estrangeiro não tem nada a temer se vier trabalhar, criar empregos e produzir.



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