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SUCESSÃO
Para o pré-candidato a vice-presidente na chapa de Lula, atitudes não terão radicalismo, mas racionalismo
Brizola quer governo de centro-esquerda
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio
O ex-governador Leonel Brizola (PDT),
pré-candidato a
vice-presidente
na chapa encabeçada por Luiz
Inácio Lula da
Silva (PT), disse ontem à Folha
que um eventual governo petista
não seria de esquerda.
"Vamos fazer um governo de
centro-esquerda. Pode escrever.
Não vamos atuar com radicalismo, mas com racionalismo", afirmou Brizola. "Não vamos fazer
nenhuma política sectária. Vamos
governar para todos. Queremos
mais justiça social."
Além disso, Brizola disse que "o
empresariado brasileiro vai ter
oportunidades que nunca teve para solucionar a seus impasses".
Como exemplo, afirmou que Lula pretende incentivar a exportação e, dessa forma, gerar mais empregos. Para o ex-governador, Lula será a personificação de "um
pacto social na vida brasileira".
Privatizações
Brizola declarou que, se a chapa
PT-PDT chegar à Presidência, o
processo de privatizações será
modificado após uma auditoria
para "descobrir falcatruas".
"Não vamos seguir de olhos fechados com esses processos obscuros que eles têm adotado. Onde
houver irregularidade e roubalheira, iremos em cima", afirmou
o ex-governador.
Posteriormente, segundo ele, será feito um exame para definir setores da economia em que o Estado poderá ser afastado em função
de privatizações. "Não somos religiosos nesse aspecto", afirmou,
salientando que "cada caso será
discutido individualmente".
Nos setores da economia citados
por Brizola não está incluída a Petrobrás, por exemplo. "Nunca
discuti isso com o Lula porque essa questão nem passa pelo nosso
pensamento."
Ele afirmou que não concorda
com o atual modelo de privatizações seguido pelo governo, pois
ele estaria concentrando o capital.
"Fez os ricos mais ricos e dilapidou o patrimônio do povo brasileiro", disse.
Apesar do descontentamento
com o modelo do governo, Brizola
afirmou que as privatizações já
realizadas não devem ser revistas.
"Temos de cuidar do interesse geral do país e da população daqui
para a frente, e não ficarmos presos a uma enrolada do passado",
afirmou Brizola.
Falando pausadamente e medindo as palavras durante toda a entrevista telefônica, Brizola avaliou
que a aproximação de Lula ao presidente Fernando Henrique Cardoso nas pesquisas eleitorais deve
ser encarada com "certa prudência", embora esteja criando, segundo ele, uma reação do que
classifica como "continuísmo".
Terrorismo
O ex-governador define como
"terrorismo para assustar a classe
média" as críticas afirmando que
sua chapa com Lula possa representar algum tipo de ameaça "a
isso ou aquilo".
"Não pretendemos ser uma
ameaça para ninguém", afirmou.
Segundo ele, Lula quer atuar como um conciliador na Presidência
da República.
"Vamos trabalhar pelo bem público e evitar que nosso país seja
um país em que só privilegiados
venham fazer suas colheitas." Para
Brizola, o capital estrangeiro não
tem nada a temer se vier trabalhar,
criar empregos e produzir.
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