São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Grupo minoritário deixa Serra por Garotinho

Facção evangélica que prometeu apoiar Serra o troca por Garotinho

CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois de admitir que sua candidatura à Presidência da República "sofreu um revés", o presidenciável Anthony Garotinho (PSB) recebeu o apoio oficial da Convenção Nacional das Assembléias de Deus.
A facção, que tem quase 210 mil cabos eleitorais inscritos no Rio e representa um grupo minoritário da Assembléia de Deus, havia declarado, em maio, apoio ao candidato tucano, José Serra.
O anúncio foi feito pelo pastor Samuel Ferreira, filho de Manoel Ferreira, presidente da Convenção Nacional das Assembléias de Deus e candidato a senador pelo PPB-RJ, durante encontro em São Paulo do ex-governador do Rio com líderes evangélicas.
Questionado sobre o motivo da desistência do apoio a Serra, Samuel disse que esse apoio, formalizado em um evento com milhares de pastores, nunca existiu.
A Convenção Geral das Assembléias de Deus, majoritária, já havia declarado apoio a Garotinho.
Estavam presentes ao encontro cerca de 300 pastores e líderes de quase todas as principais ramificações evangélicas, que entregaram a Garotinho um manifesto declarando "apoio integral" à sua candidatura, "em face da [sua" postura cristã evangélica e experiência administrativa".
O manifesto foi assinado por 212 representantes de denominações tradicionais e pentecostais, que congregam cerca de 90% dos evangélicos do país. Entre os que assinaram, estava o bispo Wanderval de Jesus, da Igreja Universal do Reino de Deus, ligada ao PL, que se coligou com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva.
O apoio formal dos evangélicos chega no momento em que a candidatura de Garotinho enfrenta dificuldades, com resistências dentro de seu próprio partido -que aumentaram com a formalização da coligação PT-PL, o que inviabiliza alguns palanques estaduais do candidato do PSB.
Além disso, há rumores de que ele desistiria da candidatura para apoiar Lula, o que ele nega. E Garotinho caiu em algumas pesquisas de intenção de voto.

"Crente não inventa"
Muitos dos pastores presentes ao evento fizeram orações e discursos de apoio ao candidato, repetindo slogans do tipo "Crente não inventa, vota 40", em alusão ao número do PSB nas eleições, ou "Voto em Garotinho porque, além de crente, é competente".
Garotinho disse sofrer "discriminação por parte da imprensa" por ser evangélico. "Querem segregar os evangélicos, criar um verdadeiro apartheid no Brasil."
O candidato vai vender bônus eleitoral de R$ 1 a partir da segunda-feira para financiar sua campanha. Ele espera arrecadar até R$ 23 milhões com os bônus, que serão colocados à venda em bancas do PSB em praças públicas.



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