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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ INVESTIGAÇÕES
Osmar Serraglio (PMDB-PR) pedirá explicações sobre saques de R$ 20,9 milhões em dois anos; publicitário prestará depoimento na quarta
Para relator, Valério superfaturou contratos
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da elevada movimentação financeira nas contas do publicitário Marcos Valério de Souza, o relator da CPI dos Correios,
deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), disse ontem que há
indícios de superfaturamento nos
contratos firmados por ele com o
governo federal.
Relatório do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras) apontou saques de R$ 20,9
milhões em dinheiro nas contas
das empresas de Marcos Valério
no Banco Rural entre julho de
2003 e maio de 2005.
Ele ainda foi multado pela Receita Federal em R$ 63,25 milhões, em novembro de 2004, sob
a acusação de crimes contra a ordem tributária. Para o órgão, a
DNA Propaganda teve depósitos
de origem não comprovada e movimentação financeira incompatível com a própria receita.
O publicitário vai depor na CPI
na próxima quarta-feira. "Para
mim, o excesso de dinheiro na firma, como está sendo indicado,
quer dizer que em algum lugar está superfaturado", disse o relator.
Por meio das agências SMPB e
DNA, das quais é sócio, Marcos
Valério, acusado de ser um dos
operadores do "mensalão", presta
serviços de propaganda para Banco do Brasil, Correios, Eletronorte, Câmara e dois ministérios, tendo administrado cerca de R$ 150
milhões oriundos de contratos
desse órgãos em 2004.
Serraglio quer esclarecer se o valor dos serviços prestados pelo
publicitário aos Correios, ao qual
estão restritas, oficialmente, as investigações da CPI, corresponde
aos preços de mercado e se foram
efetivamente prestados.
O relator também pedirá explicações a respeito das altas quantias sacadas em dinheiro por Marcos Valério. A primeira versão do
publicitário para justificar essa retirada foi a compra de gado. Depois, passou a dizer que os recursos foram utilizados no pagamento de fornecedores e na divisão de
lucros entre os sócios.
Enquanto o foco de Serraglio será técnico, a tropa de choque do
governo na CPI vai tentar politizar a questão e explorar os contratos de Valério com o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e com outras administrações tucanas, como a do presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, no
governo de Minas Gerais.
Essa estratégia já foi sinalizada
na sessão em que foram quebrados os sigilos bancário, fiscal e telefônico de Marcos Valério. Os
petistas delimitaram aos últimos
cinco anos a abertura dessas informações, abarcando o governo
passado. "No governo Fernando
Henrique Cardoso, em 2001 e
2002, foram pagos R$ 39,4 milhões à DNA e à SMPB. Neste governo, em 2003 e 2004, foram R$
14,8 milhões", disse o deputado
José Eduardo Cardozo (PT-SP) na
ocasião, sem especificar sobre
qual contrato falava.
"Não é a diretriz desviar o foco
para a administração anterior,
mas se a gente quer verificar o que
acontece nos Correios, será que
essas irregularidades só existiram
de 2003 pra cá?", questiona o deputado Maurício Rands (PT-PE).
Os petistas também querem saber
quais são os outros clientes do publicitário atualmente.
O relator da CPI já avisou, no
entanto, que seu foco são os contratos assinados por Valério com
os Correios, ou seja, somente no
governo Luiz Inácio Lula da Silva,
já que o serviço entre o publicitário e a estatal começou em 2003.
Anteriores ao governo Lula são os
contratos com os ministérios do
Trabalho (1996 e 2001) e Esporte
(2001) e com a Eletronorte (2001).
Já a oposição vai explorar o fato
de Marcos Valério ter sido avalista do PT em um empréstimo de
R$ 2,4 milhões no banco BMG e
ter pago uma parcela de R$ 350
mil dessa dívida.
"O Marcos Valério está no centro de todos esses escândalos e vamos ter que investigar suas relações petistas e ver como isso chega ao mensalão", disse o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).
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