São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Os infiltrados

Em três reuniões com secretários e subprefeitos realizadas entre terça e ontem, Gilberto Kassab (DEM) deu seu recado: quem quiser fazer campanha, inclusive a dele, que se licencie do cargo. Ele acrescentou que, a partir de agora, vai iniciar os despachos diários com auxiliares por volta de 7h, de modo a fazer espaço para as agendas de prefeito e de candidato.
Como os conhecidos são muitos, os alckmistas logo souberam da mensagem de Kassab, que interpretaram como tentativa de inibir quem, na administração, inclinava-se a apoiar o candidato tucano. Alegam que quem ficar no cargo acabará, ainda que de maneira camuflada, fazendo a campanha do prefeito.



Insegurança... É intenso o patrulhamento entre kassabistas e alckmistas. Um candidato a vereador do PSDB relata que está sendo pressionado por correligionários instalados na prefeitura a não usar o 45, número do partido, em seu material de campanha.

...máxima. Já Alckmin é informado pelo auxiliar Fabio Lepique, até recentemente subprefeito da Vila Mariana, toda vez que alguém declina do convite para aderir à campanha. "Ele está anotando todos os nomes na caderneta", adverte um tucano.

Balanço. Além de Lepique, outros três subprefeitos deixaram a administração Kassab para se juntar à tropa alckmista. São ao todo 31 subprefeitos -22 do PSDB.

Pela boca 1. O prefeito de Cachoeira, Fernando Antônio Pereira, que trocou o DEM pelo PMDB junto com uma leva de políticos do interior baiano, teve gravada reunião na qual dizia que estava no partido de Geddel Vieira Lima, mas que seu líder sempre seria o "demo" Paulo Souto.

Pela boca 2. A fita foi levada ao ministro da Integração, que retirou a legenda do prefeito. Pereira obteve liminar para concorrer à reeleição, mas o caso ainda será analisado em última instância.

Conta outra. José Dirceu resolveu escancarar no blog a disputa que trava no PT com Tarso Genro. O deputado cassado apoiou as críticas do presidente do STF, Gilmar Mendes, à PF e desancou o ministro da Justiça. Fala Dirceu: "E vem o ministro Tarso Genro dizer que o vazamento é feito por advogados. Esses vazam informações a que ainda nem tiveram acesso nos processos? (...) Deve ser, então, advogado com bola de cristal".

Conexão. Três dos cinco deputados mineiros suspeitos de envolvimento no esquema de fraudes com obras do PAC detectado pela Operação João de Barro -João Magalhães (PMDB), Jaime Martins (PR) e Miguel Martini (PHS)- dobraram seu patrimônio entre as eleições de 2002 e 2006. Investigado como suposto pivô do escândalo, Magalhães saltou de declarados R$ 233,4 mil para R$ 713,1 mil.

Banquinho e violão. A sala "intimista" da Comissão de Infra-Estrutura do Senado, de dimensões bem mais acanhadas do que a normalmente usada em depoimentos com grande potencial de repercussão, e o baixo quórum da audiência de Marco Audi ontem levaram parlamentares a chamarem a sessão de "Caso Varig Acústico".

Sem bala. Um banqueiro que assistiu a parte do depoimento do empresário comentou com um dos poucos senadores presentes à comissão: "Esse aí não tinha dinheiro para comprar nem bala, que dirá uma companhia aérea".

Papaléguas. O vaivém de Ideli Salvatti (SC) e Carlos Abicalil (MT) pelas comissões do Congresso e no Palácio do Planalto para recolher, em tempo recorde, adesões ao projeto que estabelece o piso nacional dos professores rendeu aos petistas o apelido de "dupla Sedex 10".

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Enquanto Kassab e Alckmin brigam para ver quem é o pai das AMAs, a população continua na fila à espera de médicos."

Do vereador ANTONIO DONATO (PT-SP), sobre a troca de farpas entre o prefeito do DEM e o candidato do PSDB a propósito da origem do projeto das unidades de Assistência Médica Ambulatorial.

Contraponto

Barriga cheia

Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, aproveitou o lançamento do Plano Safra, anteontem em Curitiba, para apresentar lista de reivindicações, com destaque para mais investimento federal e redução das taxas de juros para financiamentos.
Lula ouviu tudo e, na seqüência, emendou um discurso narrando a história da mãe que faz o maior esforço para preparar a ceia de Natal e recebe em troca a reclamação do filho porque falta de alguma coisa na mesa.
E extraiu a mensagem de sua parábola:
-É isso que nosso amigo Márcio fez. Nem degustou o que está servido e já pede a comida do ano que vem...


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