São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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Juiz pede inquérito contra presidente de TRF

Desembargador quer que STJ apure se Jirair Meguerian foi responsável por divulgar denúncia a revistas

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O desembargador Francisco de Assis Betti, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, requereu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) a instauração de inquérito criminal para apurar eventual responsabilidade do presidente do tribunal regional, desembargador Jirair Aram Meguerian, e de delegados federais por notícias que atribuem a Betti a prática do crime de corrupção.
O episódio é desdobramento da Operação Pasárgada, que apura o desvio de recursos do Fundo de Participação dos Municípios, e traz à tona divergências no tribunal. Meguerian presidiu o inquérito da operação deflagrada em abril último.
Afastado, em licença médica, Betti pede que prestem depoimento jornalistas da "Veja" e da "Época", autores de reportagens revelando a suspeita de que o juiz teria recebido R$ 60 mil para reverter a condenação de Geraldo Nascimento (PT), prefeito de Timóteo (MG).
Em abril, às vésperas de ser empossado, Meguerian decretou a prisão de 50 pessoas, entre as quais prefeitos, advogados e o juiz federal Weliton Militão, de Belo Horizonte, e determinou operações de busca e apreensão que atingiram a juíza federal Ângela Catão.
O Órgão Especial do TRF-1 liberou os presos, por entender que, como corregedor-geral, Meguerian só poderia tomar decisões administrativas.
Na representação ao STJ, Betti alega que "esteve ameaçado de não chegar ao TRF-1", por ter sido alvo de representações e ações penais movidas por um delegado federal.
Sobre a Operação Pasárgada, diz que "o Dr. Jirair estava atraindo-o para uma armadilha". Ele diz que, quando a Folha consultou o tribunal sobre interceptações telefônicas em que seu nome é mencionado, recebeu telefonema de Jirair Meguerian, à noite, em sua casa em BH. Segundo Betti, "o propósito nítido do Dr. Jirair era de sugerir, com muita malícia", que concedesse entrevista.
Betti foi citado em relatório da Polícia Federal sobre fatos envolvendo Francisco de Fátima Sampaio de Araújo, ex-gerente da Caixa Econômica Federal, um dos principais suspeitos da Operação Pasárgada.
Francisco teria feito intermediação com Betti, para acertar um encontro reservado, atendendo a interesses de rede de hotéis com obra embargada no Rio. Num dos diálogos, um dos suspeitos afirma que o magistrado "estaria passando por dificuldades financeiras".
O juiz Weliton Militão e o gerente da CEF utilizaram avião de um dos suspeitos da Operação Pasárgada para assistir a posse de Betti no TRF-1, em setembro do ano passado.


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