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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Kassab "infla" sua gestão em revista oficial
A três meses das eleições, prefeito gasta R$ 22.777 em publicação para apresentar principais programas de sua administração
Documento critica governos passados e afirma que o atual é "calcada na busca da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos" de SP
CATIA SEABRA
ALENCAR IZIDORO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo
acaba de lançar, a três meses
das eleições municipais, a publicação "Olhar São Paulo - Planejamento e Ação", uma prestação de contas da administração Serra/Kassab. Com cem
páginas coloridas, a edição tem,
segundo a própria introdução,
o objetivo de "apresentar as
principais ações e programas
que traduzem a maneira de
atuar dessa administração". O
prefeito Gilberto Kassab
(DEM) é candidato à reeleição.
Acompanhado por fotos e dividido em capítulos como Infra-estrutura e Educação, o texto traz críticas a administrações passadas e descreve a atual
como "calcada na racionalização dos recursos e na busca da
melhoria contínua da qualidade de vida dos cidadãos".
A publicação, saída das gráficas em junho, exalta medidas
que estão longe de ser um sucesso, como a distribuição de
palmtops para agentes do trânsito e o sistema de semáforos
inteligentes, ou que nem saíram do papel, como a criação de
novas creches graças às PPPs
(Parcerias Público-Privadas).
O texto também descreve a
reforma da biblioteca Mário de
Andrade, sem informar que o
prédio ainda está fechado.
Segundo a Secretaria de Planejamento, responsável pela
edição, são mil exemplares a
um custo unitário de R$ 22,77.
Segundo o secretário Manuelito Pereira Magalhães, foram distribuídos a escolas e bibliotecas, além de destinados a
parlamentares. "Esse é um material técnico", afirmou.
No prefácio que assina, Manuelito afirma que o atual governo tem como "prioridade a
eliminação de vícios na administração pública". E conclui
que "planejar São Paulo" depende do esforço de "uma sucessão de administrações realmente comprometidas com o
futuro da cidade".
A publicação reserva críticas
aos antecessores. Afirma, por
exemplo, que a saúde "estava
numa situação precária".
O texto diz que a comunicação dos marronzinhos "foi modernizada, graças à aquisição
de 950 palmtops". Anunciados
como uma revolução, os aparelhos foram alvo críticas de que
atrasavam a transmissão de informações. Eles não chegaram
a ser usados, como se previa,
para fazer autuações -mas só
como um sistema de rádio, semelhante ao celular.
Após questionamentos por
conta de sucessivas contratações emergenciais, a CET cancelou a admissão a partir do final de 2007. Os equipamentos
continuaram a ser usados pelos
fiscais, informalmente, sem
contrato e sem reposição.
A crise levou a prefeitura a
contratar celulares há três meses para substituir os palmtops.
A recuperação dos semáforos
inteligentes foi outra bandeira
que teve pouco resultado. Em
abril, mais de três anos depois
do início da gestão Serra/Kassab, menos de 20% da rede estava operando com sua função
principal: abrir e fechar dependendo do fluxo.
Já a implantação dos chips
em toda a frota paulistana, num
projeto em parceria com a gestão Lula, foi marcada pelo atraso. Anunciada por Kassab para
começar já em 2007, ela tem
hoje a expectativa de começar a
sair do papel só em 2009.
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