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MÍDIA
Páginas vão ficar uma polegada (2,54 cm) menores na lateral, em medida que vai diminuir custos de produção
Jornais reduzem largura na terça-feira
da Reportagem Local
A partir de terça-feira, dia 6, os
principais jornais brasileiros, inclusive os publicados pela Empresa Folha da Manhã, como a Folha,
mudarão de tamanho.
A largura das páginas será reduzida em uma polegada, o equivalente a 2,54 cm. Vai passar dos
atuais 34,29 cm para 31,75 cm. Não
será mudada a altura dos jornais,
de 56 cm. A largura da área impressa vai diminuir de 33 cm para
29,7 cm.
Os suplementos em formato tablóide (menores, como o TV Folha) também serão mudados, passando a ter uma polegada ou 2,54
cm a menos.
A Direção de Redação da Folha
adotou uma série de providências
para que a redução na largura das
páginas não implique diminuição
equivalente na massa de texto.
A origem da mudança é a redução dos gastos realizados pelas empresas na compra de papel. Com a
modificação, os jornais ficarão
mais verticais, seguindo tendência
verificada desde o início da década
em outros países, especialmente
Canadá e Estados Unidos. O canadense "The Toronto Star" foi o primeiro jornal da América do Norte
a ter sua largura reduzida, em 1992.
Desde 1995, gradualmente outros jornais canadenses e, mais recentemente, americanos, passaram a adotar o novo formato, como consequência do aumento dos
preços de papel, que em geral representam entre 15% e 20% dos
custos operacionais, segundo a Associação Americana de Jornais.
Cenário
Hoje, cerca de 80 jornais americanos, inclusive alguns dos mais
importantes, como "Washington
Post" e "Los Angeles Times", seguem o novo formato ou estão mudando seus equipamentos para
passar a imprimir segundo o modelo mais estreito.
Esses 80 jornais consomem
anualmente, em seu conjunto, 1,19
milhão de toneladas de papel de
imprensa -ou cerca de 13% do total consumido nos Estados Unidos-, segundo pesquisa da Associação Americana de Jornais e da
"Pulp&Paper", publicação especializada em mídia.
Analistas de bancos de investimentos prevêem que nos próximos anos a nova largura será o padrão da grande maioria dos principais jornais na América do Norte.
Cálculos da Associação Americana de Jornais mostram que uma
empresa pode economizar entre
6% e 8% do consumo de papel com
a redução de 2,54 cm na largura
das páginas.
Outros jornais americanos não
adotaram o mesmo tamanho que
está sendo implantado no Brasil,
mas também já reduziram a largura das suas páginas. O "The New
York Times", o mais prestigioso
jornal dos EUA, por exemplo, cortou há 4 anos a largura das suas páginas em 0,625 cm.
Custos
No Brasil, a decisão de reduzir a
largura do jornal foi tomada por 83
jornais entre os 96 que são filiados
à ANJ (Associação Nacional dos
Jornais) e publicados no formato
conhecido como "standard".
A produção brasileira de papel
de imprensa abastece entre 30% e
40% das necessidades do mercado
interno. O restante precisa ser importado, principalmente dos Estados Unidos e do Canadá e, eventualmente, do Chile.
A desvalorização do real, em janeiro último, tornou mais caros os
produtos importados. No caso do
papel de imprensa, o aumento de
custos foi de praticamente 50%,
diz Flavio Pestana, diretor-superintendente de marketing da Folha.
A redução na largura do jornal
não será acompanhada de uma diminuição no preço do jornal, afirma Pestana, mas a medida significa que existem menos chances de
que haja aumento do preço.
Uma empresa jornalística não altera os preços só em função do tamanho do jornal -os leitores não
pagam a mais, por exemplo, para
receber uma edição com cadernos
especiais. As edições dos mesmos
dias de semana tendem a variar de
tamanho ao longo do ano dependendo do período em que são publicadas e de uma série de outros
fatores, como a ocorrência de fatos
jornalísticos de maior ou menor
importância.
Outros insumos dos jornais também subiram de preço neste ano,
diz Pestana, citando combustíveis
(que os jornais usam para a distribuição) e produtos importados
utilizados no processo de impressão, como tintas e chapas.
"O benefício para os leitores será
a maior comodidade na leitura, especialmente se o leitor estiver em
um lugar público, como num ônibus ou avião", afirma Eduardo dos
Santos, diretor-adjunto de marketing da Folha.
Planejamento
A mudança começou a ser planejada há cerca de três meses, embora há mais tempo já se estude essa
possibilidade por causa da tendência observada nos mercados americano e canadense.
Nos Estados Unidos, segundo as
empresas jornalísticas, o número
de reclamações sobre o novo tamanho dos jornais foi pequeno.
"Do total dos nossos leitores,
57% disseram que gostaram mais
dos jornais no seu novo formato
porque é mais cômodo segurá-los", disse William Dean Singleton, presidente do MediaNews
Group, a sétima maior empresa
jornalística nos EUA, publicando
mais de 30 jornais. Outros 33%
disseram que não se importavam
com a mudança ou que não tinham percebido que o jornal mudara.
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