São Paulo, Domingo, 04 de Julho de 1999
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MÍDIA
Páginas vão ficar uma polegada (2,54 cm) menores na lateral, em medida que vai diminuir custos de produção
Jornais reduzem largura na terça-feira

da Reportagem Local
A partir de terça-feira, dia 6, os principais jornais brasileiros, inclusive os publicados pela Empresa Folha da Manhã, como a Folha, mudarão de tamanho.
A largura das páginas será reduzida em uma polegada, o equivalente a 2,54 cm. Vai passar dos atuais 34,29 cm para 31,75 cm. Não será mudada a altura dos jornais, de 56 cm. A largura da área impressa vai diminuir de 33 cm para 29,7 cm.
Os suplementos em formato tablóide (menores, como o TV Folha) também serão mudados, passando a ter uma polegada ou 2,54 cm a menos.
A Direção de Redação da Folha adotou uma série de providências para que a redução na largura das páginas não implique diminuição equivalente na massa de texto.
A origem da mudança é a redução dos gastos realizados pelas empresas na compra de papel. Com a modificação, os jornais ficarão mais verticais, seguindo tendência verificada desde o início da década em outros países, especialmente Canadá e Estados Unidos. O canadense "The Toronto Star" foi o primeiro jornal da América do Norte a ter sua largura reduzida, em 1992.
Desde 1995, gradualmente outros jornais canadenses e, mais recentemente, americanos, passaram a adotar o novo formato, como consequência do aumento dos preços de papel, que em geral representam entre 15% e 20% dos custos operacionais, segundo a Associação Americana de Jornais.

Cenário
Hoje, cerca de 80 jornais americanos, inclusive alguns dos mais importantes, como "Washington Post" e "Los Angeles Times", seguem o novo formato ou estão mudando seus equipamentos para passar a imprimir segundo o modelo mais estreito.
Esses 80 jornais consomem anualmente, em seu conjunto, 1,19 milhão de toneladas de papel de imprensa -ou cerca de 13% do total consumido nos Estados Unidos-, segundo pesquisa da Associação Americana de Jornais e da "Pulp&Paper", publicação especializada em mídia.
Analistas de bancos de investimentos prevêem que nos próximos anos a nova largura será o padrão da grande maioria dos principais jornais na América do Norte.
Cálculos da Associação Americana de Jornais mostram que uma empresa pode economizar entre 6% e 8% do consumo de papel com a redução de 2,54 cm na largura das páginas.
Outros jornais americanos não adotaram o mesmo tamanho que está sendo implantado no Brasil, mas também já reduziram a largura das suas páginas. O "The New York Times", o mais prestigioso jornal dos EUA, por exemplo, cortou há 4 anos a largura das suas páginas em 0,625 cm.

Custos
No Brasil, a decisão de reduzir a largura do jornal foi tomada por 83 jornais entre os 96 que são filiados à ANJ (Associação Nacional dos Jornais) e publicados no formato conhecido como "standard".
A produção brasileira de papel de imprensa abastece entre 30% e 40% das necessidades do mercado interno. O restante precisa ser importado, principalmente dos Estados Unidos e do Canadá e, eventualmente, do Chile.
A desvalorização do real, em janeiro último, tornou mais caros os produtos importados. No caso do papel de imprensa, o aumento de custos foi de praticamente 50%, diz Flavio Pestana, diretor-superintendente de marketing da Folha.
A redução na largura do jornal não será acompanhada de uma diminuição no preço do jornal, afirma Pestana, mas a medida significa que existem menos chances de que haja aumento do preço.
Uma empresa jornalística não altera os preços só em função do tamanho do jornal -os leitores não pagam a mais, por exemplo, para receber uma edição com cadernos especiais. As edições dos mesmos dias de semana tendem a variar de tamanho ao longo do ano dependendo do período em que são publicadas e de uma série de outros fatores, como a ocorrência de fatos jornalísticos de maior ou menor importância.
Outros insumos dos jornais também subiram de preço neste ano, diz Pestana, citando combustíveis (que os jornais usam para a distribuição) e produtos importados utilizados no processo de impressão, como tintas e chapas.
"O benefício para os leitores será a maior comodidade na leitura, especialmente se o leitor estiver em um lugar público, como num ônibus ou avião", afirma Eduardo dos Santos, diretor-adjunto de marketing da Folha.

Planejamento
A mudança começou a ser planejada há cerca de três meses, embora há mais tempo já se estude essa possibilidade por causa da tendência observada nos mercados americano e canadense.
Nos Estados Unidos, segundo as empresas jornalísticas, o número de reclamações sobre o novo tamanho dos jornais foi pequeno.
"Do total dos nossos leitores, 57% disseram que gostaram mais dos jornais no seu novo formato porque é mais cômodo segurá-los", disse William Dean Singleton, presidente do MediaNews Group, a sétima maior empresa jornalística nos EUA, publicando mais de 30 jornais. Outros 33% disseram que não se importavam com a mudança ou que não tinham percebido que o jornal mudara.


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