São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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ELEIÇÕES 2002 - DEBATE PRESIDENCIAL


Número de participantes e disputa acirrada criam expectativa de que encontro na Bandeirantes seja marcado por embate mais direto

Candidatos fazem hoje 1º confronto na TV

RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1998 não houve. Em 1994 ocorreu num cenário de polarização consolidada. Em 1989 a situação estava indefinida, mas os candidatos eram muitos, nem todos competitivos, daí a dispersão de perguntas e respostas.
O primeiro debate televisivo entre os presidenciáveis de 2002, hoje na TV Bandeirantes, diferencia-se de similares na história recente do país por ocorrer em uma campanha marcada pela volatilidade e por ter reduzido número de participantes. Os dois fatores elevam as chances de confronto real.
Deverão estar na bancada, a partir de 21h30, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PPS), José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB) -detentores de, respectivamente, 33%, 28%, 16% e 11% das intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha. A presença de Garotinho depende de alta médica (leia na pág. A-17)
A lei dispensa a emissora da obrigação de convidar José Maria de Almeida (PSTU) e Rui Costa Pimenta (PCO), porque pertencem a partidos sem representação na Câmara Federal. Almeida tem 1% no Datafolha. Pimenta não atinge essa marca.
Na comparação com debates anteriores, o desta noite se caracteriza por modesta participação de jornalistas (veja o formato detalhado em quadro nesta página).
Além da mediadora, Márcia Peltier, que apresentará a questão-tema do bloco de abertura, a imprensa só entrará em cena no terceiro segmento. Quatro jornalistas farão perguntas, cada um para um candidato.
Nos outros três blocos, os postulantes ao Planalto farão perguntas uns para os outros, em ordem já definida por sorteio, com direito a réplica e tréplica. Segundo Fernando Mitre, diretor nacional de jornalismo da Bandeirantes, o objetivo é privilegiar o embate direto entre os candidatos.
"Se tudo correr bem", ele calcula, "cada um falará 17 vezes". O "se" fica por conta da possibilidade de ofensas "morais ou desqualificativas". Nesses casos haverá direito de resposta de 1min30s.
No bloco inicial, a ordem de respostas, também definida por sorteio, será: Lula, Garotinho, Serra e Ciro. Nas considerações finais, a sequência será inversa.

"Papel definidor"
O último debate promovido pela Bandeirantes, no segundo turno da eleição paulistana de 2000, registrou média de 13 pontos no Ibope (naquele ano, cada ponto correspondia a 43 mil domicílios na Grande São Paulo).
Dado o caráter acirrado da disputa deste ano, Mitre espera que o programa possa ter "um papel definidor da situação em que chegaremos ao horário eleitoral gratuito", que começa no dia 20.
O cientista político Marcus Figueiredo, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), tem expectativa um tanto diferente.
Sem negar importância ao evento, ele considera, no entanto, que seu efeito não será de definição, até pelo tempo que ainda resta de campanha.
"Como primeira possibilidade de comparar os candidatos ao vivo, servirá mais como ponto de partida para a consolidação de preferências do eleitor", diz.
Na avaliação de Figueiredo, o menor número de participantes deverá contribuir para que se tenha um programa menos "engessado" que os de eleições recentes.
Um novo debate reunirá os presidenciáveis na TV Globo em 3 de outubro, a três dias da realização do primeiro turno. William Bonner será o mediador.
As regras do programa ainda estão em estudo. O diretor da Central Globo de Jornalismo, Carlos Henrique Schroder, quer que elas sejam "simples e poucas".
Na Bandeirantes, acontecem no próximo domingo debates da sucessão estadual em pelo menos menos cinco praças -São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Rio Grande do Sul e Paraná.



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