São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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Presidente afirma que oposição tenta criar uma "agenda negativa"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em reunião com seus principais ministros que a oposição tenta criar uma "nova agenda negativa". Segundo o presidente, a oposição faz isso porque a economia dá sinais de recuperação e já teria visto que poderá perder as eleições em cidades onde achava que venceria facilmente, como São Paulo.
Lula citou como exemplo dessa "agenda negativa" os pedidos dos principais partidos de oposição, PSDB e PFL, para a demissão dos presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb. "Quando não havia crescimento econômico, os problemas eram o superávit primário e os juros. Agora que tem crescimento, os problemas são outros, é o PPP [Parceria Público-Privada] que não presta, é o Casseb, é o Meirelles", afirmou Lula, segundo apurou a Folha.
De fevereiro a maio, o governo enfrentou uma série de fatos negativos, série que ficou conhecida como "agenda negativa": caso Waldomiro Diniz, o "abril vermelho" do MST, episódios violentos no Rio e em Rondônia (rebeliões em presídios com mortos e massacre de garimpeiros por índios).
O governo tentou criar uma "agenda positiva", mas os indicadores econômicos só começaram a apresentar melhoras expressivas recentemente, com a redução do desemprego e o aumento da produção industrial. Ao mesmo tempo, candidatos petistas passaram a enfrentar cenário menos adverso em capitais como São Paulo, Recife e Belo Horizonte.

Meirelles
O presidente fez o comentário sobre a "nova agenda negativa" ao relatar aos ministros da chamada "coordenação de governo" um encontro anterior que tivera com Meirelles. Lula disse que se considerava "satisfeito" com as explicações dadas por Meirelles e Casseb a respeito de reportagens que apontam supostas irregularidades em operações patrimoniais. Teria havido sonegação de impostos e evasão fiscal.
Lula afirmou que pedira a Meirelles para "esclarecer logo o assunto e liquidar tudo". Disse que tinha confiança nos presidentes do Banco Central e do Banco do Brasil e que não os demitiria por conta dessas acusações.
Na visão do presidente, há um embate político com a oposição, mas não um problema ético. A afirmação de Lula de que a oposição diz que o PPP "não presta" foi uma alusão a um recente artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticando o projeto do governo que pretende atrair investimentos para obras na área de infra-estrutura. As críticas de FHC incomodam muito Lula.
Na reunião, Lula fez nova avaliação positiva sobre o desempenho da economia. Demonstrou maior confiança na vitória de candidatos petistas nas eleições de 3 de outubro. Recentemente, pesquisa Ibope mostrou queda do tucano José Serra na eleição paulistana e aumento das intenções de voto de Marta Suplicy (PT).
Quem conversa com o publicitário Duda Mendonça, que fez a campanha de Lula em 2002 e que cuida de cinco candidatos petistas nesta eleição, ouve análise mais otimista do que ouvia dois meses atrás. (KENNEDY ALENCAR)


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