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Presidente afirma que oposição
tenta criar uma "agenda negativa"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ontem em reunião
com seus principais ministros
que a oposição tenta criar uma
"nova agenda negativa". Segundo
o presidente, a oposição faz isso
porque a economia dá sinais de
recuperação e já teria visto que
poderá perder as eleições em cidades onde achava que venceria
facilmente, como São Paulo.
Lula citou como exemplo dessa
"agenda negativa" os pedidos dos
principais partidos de oposição,
PSDB e PFL, para a demissão dos
presidentes do Banco Central,
Henrique Meirelles, e do Banco
do Brasil, Cássio Casseb. "Quando não havia crescimento econômico, os problemas eram o superávit primário e os juros. Agora
que tem crescimento, os problemas são outros, é o PPP [Parceria
Público-Privada] que não presta,
é o Casseb, é o Meirelles", afirmou
Lula, segundo apurou a Folha.
De fevereiro a maio, o governo
enfrentou uma série de fatos negativos, série que ficou conhecida
como "agenda negativa": caso
Waldomiro Diniz, o "abril vermelho" do MST, episódios violentos
no Rio e em Rondônia (rebeliões
em presídios com mortos e massacre de garimpeiros por índios).
O governo tentou criar uma
"agenda positiva", mas os indicadores econômicos só começaram
a apresentar melhoras expressivas recentemente, com a redução
do desemprego e o aumento da
produção industrial. Ao mesmo
tempo, candidatos petistas passaram a enfrentar cenário menos
adverso em capitais como São
Paulo, Recife e Belo Horizonte.
Meirelles
O presidente fez o comentário
sobre a "nova agenda negativa"
ao relatar aos ministros da chamada "coordenação de governo"
um encontro anterior que tivera
com Meirelles. Lula disse que se
considerava "satisfeito" com as
explicações dadas por Meirelles e
Casseb a respeito de reportagens
que apontam supostas irregularidades em operações patrimoniais. Teria havido sonegação de
impostos e evasão fiscal.
Lula afirmou que pedira a Meirelles para "esclarecer logo o assunto e liquidar tudo". Disse que
tinha confiança nos presidentes
do Banco Central e do Banco do
Brasil e que não os demitiria por
conta dessas acusações.
Na visão do presidente, há um
embate político com a oposição,
mas não um problema ético. A
afirmação de Lula de que a oposição diz que o PPP "não presta" foi
uma alusão a um recente artigo
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticando o projeto do governo que pretende atrair
investimentos para obras na área
de infra-estrutura. As críticas de
FHC incomodam muito Lula.
Na reunião, Lula fez nova avaliação positiva sobre o desempenho da economia. Demonstrou
maior confiança na vitória de candidatos petistas nas eleições de 3
de outubro. Recentemente, pesquisa Ibope mostrou queda do tucano José Serra na eleição paulistana e aumento das intenções de
voto de Marta Suplicy (PT).
Quem conversa com o publicitário Duda Mendonça, que fez a
campanha de Lula em 2002 e que
cuida de cinco candidatos petistas
nesta eleição, ouve análise mais
otimista do que ouvia dois meses
atrás.
(KENNEDY ALENCAR)
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