São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2007

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Correios afastam diretor investigado em operação da PF

Escritório e casas de Carlos Roberto Samartini Dias, no Rio e em Brasília, foram alvo de mandados de busca e apreensão

Polícia e Ministério Público apuram suposto esquema de corrupção na estatal; diretor investigado se recusa a falar sobre o caso

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de Operações dos Correios, Carlos Roberto Samartini Dias, foi afastado do cargo por determinação da direção da estatal. Ele está entre as pessoas investigadas pelo Ministério Público e da Polícia Federal no inquérito que levou à deflagração, anteontem, da Operação Selo, na qual foram presos dois servidores dos Correios e três empresários.
O gabinete de Dias na estatal e suas residências no Rio e em Brasília estão entre os 25 alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF. Segundo os investigadores, Dias é ligado ao empresário Marco Antônio Bulhões, preso na Operação Selo. Por meio da assessoria de imprensa dos Correios, Dias informou que não irá comentar o assunto.
O presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, disse estar "perplexo" e que ficou "muito chateado com as afirmações de que sai uma quadrilha, entra outra" na estatal. Custódio informou que pediu à Justiça acesso ao inquérito relacionado à Operação Selo para poder tomar providências. "Todas as pessoas que estiverem envolvidas terão a apuração mais rigorosa e justa possível."
A empresa passa por um pente-fino dos Ministério Público e da PF desde maio de 2005, quando a revista "Veja" tornou público o conteúdo de uma fita de vídeo em que o ex-chefe de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho foi flagrado ao receber um pagamento de propina de R$ 3 mil.
A gravação foi feita por dois emissários do empresário Arthur Wascheck Neto, que teve interesses contrariados por Marinho e resolveu se vingar. Wascheck foi preso na Operação Selo. Segundo os investigadores, ele é o cabeça de um esquema montado para fraudar licitações nos Correios.
Apesar do escândalo em 2005, Wascheck não parou de atuar. Teria manipulado o resultado de licitações, em prejuízo de "milhões de reais" para os cofres públicos, segundo o procurador da República Bruno Acioli. "Wascheck é símbolo e o subproduto da impunidade no Brasil. Ele lesa, frauda, chantageia, corrompe, e nada acontece", disse Acioli.
Em defesa de Wascheck, o advogado Cleber Lopes disse que seu cliente sempre atuou dentro dos limites da lei e negou a prática de fraudes.
O empresário atua nos Correios desde 1994. Em 1995, foi condenado por crimes semelhantes aos quais teria praticado recentemente, conforme o procurador. Segundo dados levantados na investigação, há pelo menos duas dezenas de empresas envolvidas nas fraudes e mais servidores, além dos dois presos, envolvidos na prática de irregularidades.
No escândalo de 2005, os Correios demitiram três servidores, entre os quais Marinho, e afastaram outros 20 de cargos de chefia. Ontem, o presidente da empresa não soube informar o desdobramento dos processos disciplinares que começaram à época.


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