São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2007

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Greves na educação e aumento da violência desgastam PT baiano

Governo baiano diz que abriu negociações com servidores e alega que houve mudança na contabilidade das mortes

Jaques Wagner foi vaiado em 2 de julho, mas oposição se enfraqueceu em razão da morte do senador Antonio Carlos Magalhães, do DEM

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O primeiro governo do PT da história da Bahia, que interrompeu uma hegemonia de 16 anos de carlismo -corrente dos seguidores de Antonio Carlos Magalhães (DEM), morto no mês passado-, foi derrotado pela violência e por greves na educação, pelo menos em seus sete meses iniciais.
Com Jaques Wagner no Executivo, os homicídios em Salvador cresceram 29%, 45 mil professores da rede básica promoveram a maior greve da categoria (58 dias) e docentes de duas universidades estaduais estão parados há mais de 50 dias.
Apesar dos desgastes, a oposição ao governo petista se enfraqueceu com a morte de ACM, único político de expressão nacional a se contrapor a Wagner. O ex-governador Paulo Souto, que comanda o DEM na Bahia, está sem mandato.
As greves, o aumento da violência e a paralisação de obras de infra-estrutura da administração anterior resultaram em vaias da população a Wagner no dia 2 de julho, durante cerimônia cívica em Salvador.
O governador também enfrentou desgaste ao admitir que passeou com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em lancha do empresário Zuleido Veras, preso pela Polícia Federal na Operação Navalha. O passeio foi no final do ano passado, quando Wagner já fora eleito.
Poucos meses depois da posse, Wagner enfrentou greve dos professores do ensino básico. Cerca de 1,5 milhão de alunos ficaram sem aulas por 58 dias. "A Bahia é o Estado com o maior número absoluto de analfabetos [quase 2,1 milhões de pessoas] e o descaso dos governantes é muito grande", disse Rui Oliveira, presidente da APLB (Sindicato dos Professores Licenciados da Bahia).
Em maio, professores de três universidades estaduais (com 45 mil alunos e 4.500 docentes) cruzaram os braços. A paralisação segue em duas instituições.
Houve 612 homicídios em Salvador entre janeiro e junho, 137 (28,8%) a mais que no mesmo período de 2006. A assessoria de Wagner atribuiu o fato a uma mudança metodológica na contabilidade dos homicídios.

Outro lado
O secretário de Comunicação da Bahia, Robinson Almeida, disse que Wagner está cumprindo todas as promessas de campanha. Sobre os movimentos grevistas, disse que "pela primeira vez na Bahia há uma mesa permanente de negociação, onde representantes de todos os servidores podem fazer as suas reivindicações".
Almeida disse também que 149 mil de 245 mil funcionários públicos tiveram vencimentos básicos equiparados ao salário mínimo: "A partir de novembro, nenhum servidor público receberá menos de um salário mínimo por mês". Ele disse que os programas executados pelo governo têm dado resultados positivos. "Em apenas cinco meses, a Bahia criou mais vagas de emprego do que todo o ano passado, o que revela que estamos no caminho certo."


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