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Greves na educação e aumento da violência desgastam PT baiano
Governo baiano diz que abriu negociações com servidores e alega que houve mudança na contabilidade das mortes
Jaques Wagner foi vaiado em 2 de julho, mas oposição se enfraqueceu em razão da morte do senador Antonio Carlos Magalhães, do DEM
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O primeiro governo do PT da
história da Bahia, que interrompeu uma hegemonia de 16
anos de carlismo -corrente
dos seguidores de Antonio Carlos Magalhães (DEM), morto
no mês passado-, foi derrotado pela violência e por greves
na educação, pelo menos em
seus sete meses iniciais.
Com Jaques Wagner no Executivo, os homicídios em Salvador cresceram 29%, 45 mil professores da rede básica promoveram a maior greve da categoria (58 dias) e docentes de duas
universidades estaduais estão
parados há mais de 50 dias.
Apesar dos desgastes, a oposição ao governo petista se enfraqueceu com a morte de
ACM, único político de expressão nacional a se contrapor a
Wagner. O ex-governador Paulo Souto, que comanda o DEM
na Bahia, está sem mandato.
As greves, o aumento da violência e a paralisação de obras
de infra-estrutura da administração anterior resultaram em
vaias da população a Wagner
no dia 2 de julho, durante cerimônia cívica em Salvador.
O governador também enfrentou desgaste ao admitir que
passeou com a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) em lancha
do empresário Zuleido Veras,
preso pela Polícia Federal na
Operação Navalha. O passeio
foi no final do ano passado,
quando Wagner já fora eleito.
Poucos meses depois da posse, Wagner enfrentou greve dos
professores do ensino básico.
Cerca de 1,5 milhão de alunos
ficaram sem aulas por 58 dias.
"A Bahia é o Estado com o
maior número absoluto de
analfabetos [quase 2,1 milhões
de pessoas] e o descaso dos governantes é muito grande", disse Rui Oliveira, presidente da
APLB (Sindicato dos Professores Licenciados da Bahia).
Em maio, professores de três
universidades estaduais (com
45 mil alunos e 4.500 docentes)
cruzaram os braços. A paralisação segue em duas instituições.
Houve 612 homicídios em
Salvador entre janeiro e junho,
137 (28,8%) a mais que no mesmo período de 2006. A assessoria de Wagner atribuiu o fato a
uma mudança metodológica na
contabilidade dos homicídios.
Outro lado
O secretário de Comunicação da Bahia, Robinson Almeida, disse que Wagner está cumprindo todas as promessas de
campanha. Sobre os movimentos grevistas, disse que "pela
primeira vez na Bahia há uma
mesa permanente de negociação, onde representantes de todos os servidores podem fazer
as suas reivindicações".
Almeida disse também que
149 mil de 245 mil funcionários
públicos tiveram vencimentos
básicos equiparados ao salário
mínimo: "A partir de novembro, nenhum servidor público
receberá menos de um salário
mínimo por mês". Ele disse que
os programas executados pelo
governo têm dado resultados
positivos. "Em apenas cinco
meses, a Bahia criou mais vagas
de emprego do que todo o ano
passado, o que revela que estamos no caminho certo."
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