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Luz para Todos é direcionado a cidades do PT e de aliados
Programa é um dos principais da área social do governo; ministério nega favorecimento
Berço político de Dilma,
ex-ministra de Minas e
Energia, o Rio Grande do Sul
é o Estado que tem mais
inaugurações do programa
Lucas Uebel/Folha Imagem
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Paulo Brum, que mora em cidade do RS que recebeu o programa |
SILVIO NAVARRO
DO PAINEL
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
Um dos principais programas sociais do governo Lula,
com alto potencial de capitalização por parte dos prefeitos
no interior do país, o Luz para
Todos teve calendário de inauguração de obras direcionado a
municípios administrados pelo
PT desde 2004, quando foi
criado pela então ministra de
Minas e Energia e hoje chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff.
Ao todo, comunidades rurais
de 13,2% das prefeituras petistas receberam os cabos de energia do "Luz" -52 pequenas cidades. Só o PC do B, aliado histórico da sigla, teve desempenho melhor (15%), percentual
que deve ser relativizado devido ao número pequeno de administrações dos comunistas.
Se analisados os Estados com
maior volume de inaugurações
do programa, o campeão é o Rio
Grande do Sul, berço político
de Dilma. Dos 10 Estados com
maior índice de prefeituras beneficiadas, 8 têm governadores
aliados, sendo 5 do PMDB, que
hoje chefia o ministério.
O atual ministro, Edison Lobão, é do Maranhão, ligado ao
grupo político de José Sarney
(PMDB-AP), senador e ex-presidente. E o Maranhão é a estrela do "Informativo Luz para
Todos" de maio, em cujo texto
Lobão anuncia investimentos
do Luz para o Estado -R$ 534
milhões- e "decreta" o "fim do
uso da lamparina" por lá.
A Folha fez um cruzamento
das 436 localidades onde houve
cerimônias de lançamento do
Luz para Todos até julho com o
banco de dados da Confederação Nacional dos Municípios,
onde constam as filiações
atuais dos prefeitos.
O resultado mostra que, depois da dupla PT e PC do B,
aliados do governo no plano
nacional aparecem enfileirados: PDT (11,5% das prefeituras), PSB (10,2%) e PMDB
(8,2%). No pé da tabela, vêm as
três siglas de oposição, PSDB,
DEM e PPS. O ministério e o
PT negam favorecimento.
A digitação em programas de
busca na internet da expressão
"luz para todos" associada à palavra "prefeito" mostra centenas de inaugurações que tiveram presença do prefeito, de
vereadores, deputados, senadores e governadores.
Isso apesar de o "Luz" ser um
programa federal e não depender, segundo o ministério, de
interferência política para sua
execução. A lista de esclarecimentos do programa diz que
ele "não é do prefeito, vereador, deputado ou mesmo do
governador", e sim "um programa do governo federal".
Mas, em um dos exemplos, o
site do Executivo municipal da
Chapada dos Guimarães (MT)
anuncia: "Prefeitura de Chapada lança obras do Luz para Todos". Texto diz que o prefeito
Gilberto Mello (PR) "destacou
que os esforços para levar luz
até as comunidades rurais de
Chapada iniciaram ainda
quando o mesmo ocupava uma
cadeira na Câmara". Mello é
candidato à reeleição.
Já o site da senadora Serys
Slhessarenko (PT-MT) destaca, em novembro de 2007: "Alto Taquari agradece Serys pelo
Luz para Todos". A prefeita de
Três Lagoas (MS), Simone Tebet (PMDB), reclama de ter sido excluída de evento: "Mesmo
assim eu vim. É o respeito pela
nossa população. Gostaria de
pedir aos responsáveis que, da
próxima vez, avisem a administração municipal para que possamos nos preparar e até ajudar no que for possível", disse,
segundo o site da prefeitura.
Ela tenta se reeleger.
O Luz é um dos campeões de
avaliação. Ele já atendeu 8 milhões de pessoas, e a meta é
chegar aos 10 milhões, com investimento de R$ 12,7 bilhões.
Mantido com verba de fundos do setor elétrico, o Luz tem
aporte da Eletrobrás. Em 2007,
acabou arrolado no escândalo
da Operação Navalha da PF,
com suspeita de superfaturamento em obras no Piauí. O diretor do programa na época,
José Ribamar Santana, caiu. O
então ministro Silas Rondeau
foi denunciado pelo Ministério
Público Federal como integrante do esquema.
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