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Fora do governo, Gilberto Gil diz que agora pode ser politicamente incorreto
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A ITAIPAVA (RJ)
Às 23h13 de sábado, o cantor e compositor Gilberto Gil
subiu ao palco. Pela primeira
vez desde 2003, um show de
Gil não abria um parêntese
em sua agenda de ministro
da Cultura, cargo ao qual renunciou na quarta passada.
"Agora não tenho mais o
código de ética [da Comissão
de Ética Pública, da Presidência] atrás de mim, nem o
Tribunal de Contas nem os
tribunais da sociedade", disse o músico à Folha antes do
show, ao ar livre e gratuito,
no Parque de Exposições de
Petrópolis, em Itaipava (RJ).
Embora não tenha perdido "a intimidade com o canto, com o público, com o palco", ao se ver livre do cargo,
Gil diz ter "psicologicamente sentido como se uma barragem se rompesse".
Com o "sentimento da devolução integral ao mundo
da liberdade poética" veio a
constatação: "Posso agora
dizer o que quiser; xingar, se
eu quiser; dizer que amo, dizer que odeio. Não preciso
ser politicamente correto,
no sentido da ética pública".
Para cerca de 20 mil pessoas, cantou 17 músicas. Pulando, convidou a platéia a
fazer o mesmo. E o primeiro
show como ex-ministro terminou com um salto coletivo: "A, A, A, que Deus deu...".
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