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Sarney nega censura, e jornal vai recorrer
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), e o empresário Fernando Sarney, seu filho, divulgaram ontem notas
negando fazer censura à imprensa. Fernando obteve na
sexta-feira no Tribunal de Justiça do Distrito Federal uma liminar que proíbe o jornal "O
Estado de S. Paulo" de publicar
informações sobre a Operação
Boi Barrica, da Polícia Federal.
Fernando é o principal alvo
da operação e foi indiciado no
dia 15 passado por formação de
quadrilha, gestão de instituição
financeira irregular, lavagem
de dinheiro e falsidade ideológica. Ele nega os crimes.
O diretor de conteúdo do
Grupo Estado, Ricardo Gandour, afirmou que "o jornal se
considera sob censura" e criticou a "truculência da intenção
da ação" de Sarney.
O advogado do "O Estado de
S. Paulo" Manoel Alceu Affonso
Ferreira afirmou que recorrerá, ainda nesta semana, da liminar. Ele disse também que pedirá ao desembargador do TJ
do DF Dácio Vieira, que deu a
liminar, para se declarar impedido de julgar o processo.
A suspeita da falta de isenção
de Vieira é porque, segundo o
advogado, o desembargador
ocupou cargo de confiança na
gráfica do Senado antes de ser
nomeado no Tribunal.
Sua indicação se deve ao
apoio de Sarney e do ex-diretor-geral do Senado Agaciel
Maia, de quem é amigo. Quando o desembargador era consultor jurídico da gráfica esse
órgão do Senado era comandado por Agaciel, então aliado de
Sarney. O líder da bancada do
PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), ingressou ontem com
denúncia no CNJ (Conselho
Nacional de Justiça) contra o
desembargador Vieira.
A assessoria do Tribunal de
Justiça afirmou que o desembargador não daria entrevista
porque ainda vai julgar o mérito do processo.
Notas
Sarney afirmou, na nota, que
seu filho "tem sido vítima de
cruel e violenta campanha infamante por parte de "O Estado
de S. Paulo'".
O presidente do Senado disse
não ter sido consultado sobre a
ação movida por Fernando.
"Por isso é uma distorção de
má-fé querer me responsabilizar pelo fato", afirmou.
"Todo o Brasil é testemunha
de minha tolerância e minha
posição a respeito da liberdade
de imprensa, nunca tendo processado jornalista algum", disse o presidente do Senado.
Sarney move, porém, três
ações em Brasília por reparação de danos contra o "Jornal
Pequeno", de São Luís, que publica reportagens críticas a ele.
"Como empresário da área
de comunicação, com atuação
permanente no setor há quase
30 anos, sempre defendi a liberdade de imprensa", disse
Fernando Sarney.
Segundo a opinião do empresário, o jornal divulga "ilicitamente informações" em segredo de Justiça.
"É lamentável, portanto, que
uma decisão judicial que simplesmente exige o respeito a garantias constitucionais inerentes a todo cidadão -intimidade, privacidade, honra e imagem- esteja sendo apresentada como forma de censura à
imprensa."
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