São Paulo, terça-feira, 04 de agosto de 2009

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Sarney nega censura, e jornal vai recorrer

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o empresário Fernando Sarney, seu filho, divulgaram ontem notas negando fazer censura à imprensa. Fernando obteve na sexta-feira no Tribunal de Justiça do Distrito Federal uma liminar que proíbe o jornal "O Estado de S. Paulo" de publicar informações sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal.
Fernando é o principal alvo da operação e foi indiciado no dia 15 passado por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Ele nega os crimes.
O diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, afirmou que "o jornal se considera sob censura" e criticou a "truculência da intenção da ação" de Sarney.
O advogado do "O Estado de S. Paulo" Manoel Alceu Affonso Ferreira afirmou que recorrerá, ainda nesta semana, da liminar. Ele disse também que pedirá ao desembargador do TJ do DF Dácio Vieira, que deu a liminar, para se declarar impedido de julgar o processo.
A suspeita da falta de isenção de Vieira é porque, segundo o advogado, o desembargador ocupou cargo de confiança na gráfica do Senado antes de ser nomeado no Tribunal.
Sua indicação se deve ao apoio de Sarney e do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, de quem é amigo. Quando o desembargador era consultor jurídico da gráfica esse órgão do Senado era comandado por Agaciel, então aliado de Sarney. O líder da bancada do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), ingressou ontem com denúncia no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra o desembargador Vieira.
A assessoria do Tribunal de Justiça afirmou que o desembargador não daria entrevista porque ainda vai julgar o mérito do processo.

Notas
Sarney afirmou, na nota, que seu filho "tem sido vítima de cruel e violenta campanha infamante por parte de "O Estado de S. Paulo'".
O presidente do Senado disse não ter sido consultado sobre a ação movida por Fernando. "Por isso é uma distorção de má-fé querer me responsabilizar pelo fato", afirmou.
"Todo o Brasil é testemunha de minha tolerância e minha posição a respeito da liberdade de imprensa, nunca tendo processado jornalista algum", disse o presidente do Senado.
Sarney move, porém, três ações em Brasília por reparação de danos contra o "Jornal Pequeno", de São Luís, que publica reportagens críticas a ele.
"Como empresário da área de comunicação, com atuação permanente no setor há quase 30 anos, sempre defendi a liberdade de imprensa", disse Fernando Sarney.
Segundo a opinião do empresário, o jornal divulga "ilicitamente informações" em segredo de Justiça.
"É lamentável, portanto, que uma decisão judicial que simplesmente exige o respeito a garantias constitucionais inerentes a todo cidadão -intimidade, privacidade, honra e imagem- esteja sendo apresentada como forma de censura à imprensa."


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