São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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Sucessor não mudará política social, diz FHC

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A JOHANNESBURGO

O presidente Fernando Henrique Cardoso fez ontem uma espécie de provocação aos principais candidatos à sua sucessão: "Duvido que alguém vá mudar", disse, referindo-se a políticas sociais, especialmente de educação e saúde.
"Como é que vai mudar o Bolsa-Escola, o provão, o Fundef? Estão aí, enraizados. Na Saúde, a mesma coisa: os agentes comunitários de saúde, os médicos de família. Duvido que alguém vá mudar. Aliás, vejo nos programas de TV que eles [os candidatos] falam a mesma coisa que eu já estou fazendo", acrescentou.
Segundo FHC, há políticas hoje que estão acima dos partidos e da questão político-partidária, sendo "vinculadas à sociedade".
FHC fez essas declarações em Johannesburgo, África do Sul, onde esteve até ontem para a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10). Abatido, disse três vezes que se sentia cansado. Cancelou, inclusive, o último compromisso na cidade.

Economia
Se diz que nada vai mudar nos programas sociais que citou, FHC considerou natural que seu sucessor faça mudanças na economia: "Claro que cada um vai imprimir um diretriz mais específica". E admitiu: "Eu mesmo imprimiria, se fosse presidente outra vez".
Não falou que mudanças ele implantaria: "Tudo depende da conjuntura". E comparou: "Todo mundo imaginava que este ano seria de crescimento e não foi, porque houve uma crise mundial que afetou o Brasil. E eu sei lá o que vai acontecer em 2003?".
FHC afirma que o país que o seu sucessor vai encontrar "está muito fortalecido no mundo" e disse que o fato de ter recebido novo financiamento do FMI (Fundo Monetário Internacional) é uma prova disso: "Ser apoiado não é sinal de fraqueza, ao contrário".
Antes de embarcar para Brasília, no início da tarde, FHC assumiu novamente tom conciliador, dizendo que problemas de campanha passam. "No momento da campanha é uma coisa. Depois, é outra. Vamos ver o que vai acontecer porque, num país democrático, devemos evitar procedimentos persecutórios", defendeu.
"Quaisquer que sejam os eleitos, se forem por esse caminho, vão por um mau caminho. Não acredito que qualquer deles faça isso", disse. Soou quase como um recado para José Serra (PSDB), que está rompido e irritado com tucano cearense Tasso Jereissati.
Ele também lembrou que a questão partidária passa por outra, bem mais pragmática: "Numa democracia, você não funciona bem se não tiver apoio no Congresso. Qualquer presidente que seja eleito vai ter que buscar apoio no Congresso", disse.



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