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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Partido vê Lula enfraquecido e aposta no presidente do STF, que tem até abril para se filiar; composição com o PT é considerada difícil
PMDB articula Jobim para a presidência
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ouviu de dirigentes peemedebistas que dificilmente o partido apoiará a sua reeleição em
2006. Ao mesmo tempo, ganha
força nas articulações internas do
PMDB a possibilidade de o presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Nelson Jobim, ser o candidato a presidente do partido.
Na quarta-feira à noite, em Brasília, numa confraternização das
bancadas do PMDB no Senado e
na Câmara, a avaliação preponderante era a de que Lula dificilmente se recuperará para se reeleger e
que o partido, que não teve candidato próprio a presidente em 1998
e 2002, deve apresentar um nome
para disputar a Presidência.
Uma eventual candidatura de
Jobim depende da evolução da
crise, do desfecho das investigações do Congresso e do nível de
beligerância entre PT e PSDB nas
eleições do ano que vem.
O presidente do STF, que está
sem filiação por razão legal, fez
carreira política no PMDB. Foi relator do Congresso constituinte
em 1988 e se reelegeu deputado
federal em 1990, última eleição da
qual participou. Nos dois casos,
sua sigla era o PMDB.
Reservadamente, Jobim admite
entrar na corrida sucessória, mas
trata o assunto com cautela.
Termina neste mês o prazo final
de filiação para políticos que desejam concorrer nas eleições de outubro do ano que vem. Há exceção, porém, para magistrados.
Eles podem se filiar até o prazo de
desincompatibilização dos cargos
para disputar eleição -abril de
2006. Jobim conta com esse tempo extra para decidir.
Se o ambiente político estiver
muito tenso, com Lula e o Congresso com as imagens bastante
arranhadas, ele poderá se animar.
Faria uma campanha de magistrado sério e ponderado num momento de descrença em relação
aos políticos tradicionais. Poderia
se aproveitar da esperada guerra
entre PT e PSDB para usar um
discurso conciliador e buscar
uma vaga no segundo turno.
Nas disputas internas do
PMDB, Jobim enfrenta menos resistência dos governadores e das
diversas alas -o PMDB é uma
confederação de caciques regionais. A Folha apurou que o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente do PMDB, Michel Temer, o ex-governador
Orestes Quércia e alguns dos sete
governadores do partido são simpáticos a uma candidatura Jobim.
O ex-governador Anthony Garotinho tem pouca chance na disputa interna. Hoje, não seria o
candidato da cúpula.
Garotinho seria o o candidato
do PMDB apenas em um cenário
para ser abandonado politicamente e no qual caia por terra a
chamada verticalização, o que deve acontecer neste mês.
A verticalização é a regra que induz um partido a repetir nos Estados a aliança nacional. Sem ela, o
PMDB poderia ter um candidato
a presidente e deixar as seções regionais livres para se coligar com
os partidos que desejarem. Isso
aumenta a chance de o partido
eleger mais governadores.
Além de Jobim e Garotinho, fazem parte do elenco de presidenciáveis do PMDB os governadores
Roberto Requião (PR) e Germano
Rigotto (RS), além do ex-presidente Itamar Franco.
Requião tem apoio limitado
dentro do PMDB. Rigotto é mais
bem-visto internamente e teria
chance de ameaçar Jobim numa
eventual convenção. Itamar também se enquadra na situação.
Uma eventual aliança do PMDB
com o PSDB é bem difícil. Os peemedebistas avaliam que os tucanos dariam preferência a um entendimento com o PFL.
O apoio a Lula dependeria de
uma fantástica recuperação do
petista nas pesquisas. O presidente avalia que isso poderá acontecer se a economia real tiver bom
desempenho em 2006. Se isso
acontecesse, Lula poderia sonhar
em ter Jobim de vice, hipótese
com a qual o presidente do STF
flertou quando o petista era tido
como imbatível.
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