São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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Aliados de Lula oficializam bloco próprio e falam em Ciro para 2010

Encontro ocorre um dia após PT aprovar resolução que propõe candidato do partido para a sucessão

Para ex-ministro, Lula pode atenuar favoritismo tucano se seu governo tiver êxito: "Nesse caso ele será um eleitor muito importante"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Embora chamando de "desserviço" a decisão do PT de anunciar candidatura própria em 2010, PSB, PC do B e PDT oficializaram ontem em São Paulo o "Bloco de Esquerda" e ameaçaram lançar o ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) como candidato à Presidência.
A coalizão (que inclui ainda PMN, PRB e PHS) será testada em 2008 com vistas a 2010: Recebido aos gritos de "Bloco de Esquerda é solução; Ciro Gomes presidente da Nação", o ex-ministro disse estar certo de que o PT lançará candidato à sucessão de Lula: "Nós, como avaliadores da vida, temos certeza que o PT terá seu candidato. Não me surpreende".
"Faz parte da cultura do PT pretender sempre lançar suas candidaturas", disse o deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP). Mas avisou: "Na política, não conheço a história de se dar vez a ninguém. Você quer ter vez na política. Você tem que disputar e ter força. É o que estamos procurando fazer".
O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, acha que falar em 2010 é "desserviço à República": "Não vou falar mal do PT. Mas, se eles quiserem ter candidato, podem ficar sozinhos". Já o presidente do PDT paulista, Paulo Ferreira da Silva, afirmou que, se o bloco funcionar em 2008, deve ir junto em 2010. "Aí é muito difícil ir com o PT. O PT teve a possibilidade de se livrar dos mensaleiros, mas ficou com eles".
Negando que esteja em campanha, Ciro cogitou uma aliança com o PT só no segundo turno da eleição presidencial. Ao dizer que Lula estava certo ao adiar o debate, Ciro comentou: "Se não se estilhaçarem as relações, se os interesses nacionais presidirem o embate, e não ambições particulares miúdas, ele [Lula] sabe que podemos nos encontrar no segundo turno".
Segundo ele, "discutir 2010 agora é uma certa ociosidade por várias razões": "A mais grave é que acabamos de eleger o presidente Lula". Segundo Ciro, as feridas abertas com a disputa pela presidência da Câmara -na qual o PT derrotou o PC do B- não estão cicatrizadas.
De São Paulo, Ciro embarcou para Belo Horizonte, palco de outra reunião do bloquinho.

Aécio e Serra
Em Minas, Ciro disse que, se o governador José Serra (SP) abrir mão da sua eventual candidatura presidencial para o governador Aécio Neves (MG), o PSDB se torna "potencial favorito": "O inverso não é verdade, na minha avaliação. O Aécio sai com 70%, 75% de Minas, entra bem no Rio, entra bem no Norte e muito bem no Nordeste, por ser mineiro." Indagado se Serra teria mais dificuldades, disse: "Nós conhecemos, o Serra é intragável". Para ele, Serra se esforça para se mostrar próximo da esquerda: "Mas nós da esquerda não nos enganamos".
Para Ciro, embora um presidente não consiga transferir voto, só Lula poderia atenuar o favoritismo tucano: "O que pode compensar esse favoritismo potencial é o presidente Lula estar na data [da eleição], e não hoje, pilotando um incontrastável sucesso. Nesse caso ele será um eleitor muito importante que vai atenuar o eventual favoritismo do outro lado".
Ele acha um erro uma candidatura posta desde já, incluindo a sua: "Pode cogitar, mas não pode deixar essa cogitação tomar conta da minha cabeça".


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