São Paulo, quinta-feira, 04 de setembro de 2008

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Após parar cidade, empresa monopoliza a campanha

Única saída é arrendar as terras, dizem candidatos

HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A COELHO NETO (MA)

Dono de mais de 80% das terras do município e motivo de a prefeitura ter decretado situação de emergência, em 2006, por causa do "desemprego generalizado", o grupo empresarial João Santos e o destino de seus negócios engessaram a campanha eleitoral em Coelho Neto (365 km de São Luís).
Em vez de doar terras para instalação de indústrias, como geralmente fazem as prefeituras ávidas por atração de investimentos, Coelho Neto deverá arrendar áreas do grupo para a produção agrícola.
É a proposta do prefeito Carlos Magno Duque Bacelar, 70, (PV), candidato à reeleição, e de seu principal adversário, o deputado estadual Soliney de Sousa e Silva, 38, (PSDB). Os dois afirmam que a cidade está cercada por terras do grupo e a única saída é arrendar áreas e entregá-las a produtores rurais, que cultivariam arroz e feijão por, no mínimo, cinco anos.
Após a fábrica de papel do grupo João Santos, a Itapagé, parar as máquinas em dezembro de 2005, o prefeito Magno decretou situação de emergência devido ao desemprego.
De acordo com o prefeito, 3.700 pessoas ficaram desempregadas -mais de mil eram funcionárias diretas do grupo e as demais viviam de atividades econômicas dependentes dele.
Segundo informação do próprio ministério, o decreto de Magno foi, até hoje, o único reconhecido pelo Ministério da Integração que teve como motivação o desemprego.
O grupo empresarial alega que desativou a fábrica por causa do alto custo de escoamento da produção e de trazer a matéria-prima até a fábrica -a empresa usava bambu para produzir celulose e tem de 25 mil a 30 mil hectares plantados.
Ainda segundo o grupo, já foram gastos R$ 5 milhões em estudos para achar uma alternativa para reativar a indústria.
No fim de agosto, quem chega a Coelho Neto vê que o município mais parece um pólo industrial. É a época da safra de cana-de-açúcar, de julho a outubro. Mas também essa atividade é explorada pelo grupo João Santos, que mantém a destilaria Itajubara, produtora de 8 a 10 milhões de litros de álcool mensalmente. São 2.500 funcionários, a maioria deles empregada no corte da cana.
Todos sabem, porém, que seus empregos só têm garantia de apenas 3 a 4 meses, período da safra. O ideal, para os trabalhadores, é a reativação da fábrica de papel -promessa de alguns candidatos a vereador.


NA INTERNET
http://campanhanoar.folha.blog.uol.com.br

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