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PT discute tese de antecipação
da eleição presidencial de 2002
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
A antecipação das eleições presidenciais de 2002 é defendida internamente no PT -o maior partido de oposição do país e que
pretende liderar as manifestações
populares de protesto contra o
presidente Fernando Henrique
Cardoso.
A estratégia petista é detalhada
em quase 90 páginas da publicação que reúne as pré-teses para o
2º Congresso Nacional do PT,
marcado para novembro, em Belo Horizonte.
A ""Marcha dos 100 Mil", nome
dado ao protesto que reuniu 75
mil pessoas em Brasília na semana passada sob o lema ""Fora FHC,
Fora FMI", já aparece nos textos
como o futuro ponto de partida
de um ""movimento de massas"
contra o governo. O caderno também menciona a proposta de greve nacional, prevista para outubro.
Além de dar novo fôlego à oposição, o objetivo da mobilização
social planejada pelo PT em parceria com outros partidos de oposição e entidades como o MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) seria encurtar o mandato de FHC,
revelam os textos a que a Folha teve acesso.
A única exceção nesse tema é o
texto assinado pelo líder do PT na
Câmara, José Genoino (SP), que
chega a criticar o ""vale tudo" de
uma oposição que classifica de
""salvacionista": ""A crítica ao programa de um governo, por radical
que seja, não nos basta para uma
propositura de sua deposição",
diz o texto intitulado ""Por uma
Democracia Republicana".
""Hoje, a tendência é de radicalização e sei que sou minoria", avaliou o líder. Genoino defende a
abertura de processo de impeachment de FHC a partir da investigação da venda das empresas de
telefonia por uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) no
Congresso. Anteontem, o presidente da Câmara, Michel Temer,
arquivou o pedido de CPI.
Até o grupo considerado moderado no PT, encabeçado pelo
atual presidente do partido, deputado José Dirceu (SP), aponta o
impeachment e até a renúncia do
presidente como ""soluções constitucionais" para a crise, embora
sua pré-tese seja uma das raras
que não citam a palavra de ordem
""Fora FHC".
Recomenda o texto: ""Atacar
frontalmente a política econômica do governo e o mandato do
presidente, cada vez mais manchado de ilegitimidade, mostrando que eles não comportam -o
governo e a política econômica-
remendos, mas têm de ser derrotados e substituídos".
Esse mesmo texto contém uma
proposta de mobilização social
mais ampla que a obtida na quinta-feira e inclui a participação de
entidades como a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
Em novembro, Dirceu deverá
disputar o comando do partido
com o deputado Milton Temer
(RJ), que se autodefine como ""xiita". O texto assinado por Temer
defende que o PT assuma a liderança do movimento Fora FHC-FMI. Fala claramente em antecipar as eleições, proposta seguida
pela suspensão do pagamento da
dívida externa e pela ruptura com
o FMI.
""A conjuntura está ajudando os
mais combativos", calcula Temer.
Como considera pequenas as
chances de encurtar o mandato
de FHC, o deputado insiste em
que a proposta, somada à pressão
popular, serve para criar uma
""tensão radical" sobre o governo.
O resultado mínimo esperado,
segundo Temer, é: na área econômica, barrar o programa de venda
de empresas estatais; na área política, dar força à oposição nas próximas eleições.
A antecipação das eleições presidenciais é defendida em vários
outros textos apresentados para o
Congresso petista, como o assinado pelo prefeito de Porto Alegre,
Raul Pont, e a senadora alagoana
Heloísa Helena.
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