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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula busca fórmula para banir "aloprados"
Partido avalia que os seis envolvidos na negociação do caso do dossiê precisam ser expulsos para evitar danos ao 2º turno
Ricardo Berzoini não deve ser alvo de expulsão, mas
poderá ter que deixar a
presidência do partido antes
da eleição de 29 de outubro
Rodrigo Paiva/Folha Imagem
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O presidente Lula recebe em seu gabinete o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, e sua mulher, Maria de Fátima Carneiro |
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados no PT
consideram fundamental punir
-com expulsão e afastamento
de cargos no comando partidário-, os envolvidos no caso do
dossiê para evitar danos maiores no segundo turno. O PT está
convencido de que, se perdoar
os correligionários, como fez
no mensalão, a reeleição de Lula está ameaçada. Se não houver uma atitude espontânea
dos envolvidos para se desligarem da legenda, a idéia é que o
caso seja analisado ou por sindicância interna ou pela comissão de ética do PT, respeitando
o direito de defesa.
Em conversas reservadas nos
últimos dias, Lula não esconde
a irritação com os petistas que
chamou de "aloprados". Disse a
interlocutores que há "meia
dúzia de gente mentindo" para
ele no partido.
Um dos conselheiros mais
próximos de Lula, o ex-ministro e governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, encontrou-se ontem com o presidente e expressou, em seguida, o
que é o sentimento no Palácio
do Planalto. Acha que houve
uma "armação" envolvendo setores do PSDB para que os petistas caíssem no conto do vigário no caso do dossiê, mas ressalva: "O que não tira a culpa de
quem caiu na armação, porque
se dispuseram a ir se relacionar
com um marginal para comprar dossiê".
Wagner afirma que o caso teve influência na eleição e que os
envolvidos "terão de pagar".
"Não quero saber se era amigo,
se era homem de confiança, o
que era. Quem estiver fora da
conduta cai fora. [...]Essas pessoas terão de pagar pelo que fizeram e por mais um prejuízo à
imagem do partido", disse o petista. Para o governador eleito,
o episódio do dossiê foi "abominável", uma atitude "medíocre"
e a "Operação Tabajara 2".
Degola
Os cotados para a degola imediata são Hamilton Lacerda,
que era coordenador da comunicação da campanha de Aloizio Mercadante no Estado; Jorge Lorenzetti e Oswaldo Bargas, da coordenação de campanha de Lula; Gedimar Passos,
Valdebran Padilha e Expedito
Veloso, que se envolveram diretamente na compra do dossiê. Todos estão sendo investigados pela Polícia Federal.
A situação do presidente do
PT e ex-coordenador da campanha de Lula, Ricardo Berzoini, e de Mercadante é distinta,
na avaliação interna. Ambos
têm a responsabilidade pela
contratação dos "aloprados",
mas não foram diretamente citados mentores intelectuais da
operação. O PT não cogita a expulsão dos dois.
Berzoini foi chamado por Lula ontem para uma conversa. A
Folha apurou que o presidente
do PT resistia, até ontem, a deixar o cargo.
O dilema petista é sobre o dano menor: afastar Berzoini agora ou só depois do dia 29 de outubro. As opiniões se dividem.
Há quem sustente, sempre de
forma reservada, que é melhor
cortar rápido o problema. Outros divergem: "Não quero nem
ouvir falar desse assunto neste
momento", diz João Felício,
coordenador da área de mobilização da campanha petista.
Ontem, o presidente do PT
não atendeu a reportagem da
Folha. Na segunda-feira, ele
disse à Folha que se sente totalmente à vontade caso alguém no partido queira propor
um debate interno sobre seu
afastamento da presidência.
"Posso dizer com tranqüilidade que não tenho nenhuma
preocupação em relação à minha pessoa neste episódio",
disse ele.
Há ainda, no PT, quem defenda a renúncia coletiva de toda a direção nacional e de São
Paulo, como o deputado federal eleito, Jilmar Tatto, 3º vice-presidente do PT e ligado ao
grupo de Marta Suplicy.
(MALU DELGADO, PEDRO DIAS LEITE, LUCIANA
CONSTANTINO E FÁBIO ZANINI)
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