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PF não acha indícios de ligação de Freud Godoy com o dossiê
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
Pelas informações de que
dispõe até agora, a Polícia Federal não reúne indícios do envolvimento do ex-assessor da
Presidência Freud Godoy na
compra, por petistas, de um
dossiê contra tucanos. Caso o
inquérito fosse encerrado hoje,
a PF não indiciaria Freud.
Até mesmo o procurador da
República Mário Lúcio Avelar,
que pediu duas vezes a prisão
temporária de Freud, compartilha agora da tese dos policiais.
Segundo a Folha apurou, após
o segundo depoimento de
Freud à PF, na última sexta-feira, Avelar revelou que não
encontrou até agora elementos
para acreditar na participação
do ex-assessor de Lula.
Disse ainda que, caso a Justiça não cassasse o mandado de
prisão contra Freud antes da
restrição da lei eleitoral que
impediu que a decisão fosse
cumprida na semana passada,
ele mesmo o solicitaria.
Não precisou. Na última sexta, liminar do juiz do TRF da 1ª
Região Tourinho Neto cassou a
ordem de prisão temporária de
Freud e dos outros cinco petistas envolvidos com o caso -todas a pedido do procurador.
A única ligação de Freud com
o caso é a mesma do início: em
depoimento à PF, Gedimar
Passos, um dos petistas presos
com o R$ 1,7 milhão para a
compra do dossiê, disse que o
pagamento teria sido feito "a
mando de uma pessoa chamada Froude ou Freud".
O que a PF descobriu nas investigações até aqui bate com
os dois depoimentos de Freud,
o primeiro deles espontâneo. A
perícia nos celulares de Gedimar e de Valdebran Padilha foi
concluída, e revelou telefonemas entre o primeiro e o ex-assessor da Presidência, mas todos os contatos foram em agosto, mês em que a empresa da
mulher de Freud prestou serviços de varredura antigrampos
telefônicos no comitê de reeleição de Lula e na sede do diretório nacional do PT, em Brasília.
Ao depor, o próprio Freud
admitiu os contatos com Gedimar para tratar dos serviços.
Os dados que surgiram da quebra do sigilo dos telefones
apreendidos tampouco comprometem Freud até o momento, mas esta parte da investigação não está encerrada.
Segundo a PF, o fato de não
haver até agora elementos consistentes contra Freud não o
inocenta ainda no caso, pois a
investigação continua. Caso
surja algo que o comprometa,
ele poderá voltar a depor e ter
sua prisão solicitada de novo.
A PF não sabe responder
com clareza por que Gedimar
teria citado o nome do ex-assessor de Lula. Policiais envolvidos na investigação não
crêem, como alguns petistas,
que Freud tenha sido apenas
um bode expiatório, para que
Gedimar não fosse abandonado pelo PT numa hora de fraqueza. Acham que a menção a
Freud não foi à toa. Mas, dada a
ausência de provas contra o ex-assessor, são obrigados a admitir que o pedido de prisão contra ele não tem consistência.
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