São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Candidatos linha-dura não se reelegem e "bancada da bala" fica enfraquecida

DA REPORTAGEM LOCAL

As eleições deste ano tiraram do Legislativo personalidades ligadas à área da segurança pública defensoras da linha-dura na repressão ao crime, conhecidas também como a "bancada da bala".
Da Assembléia Legislativa de São Paulo estão fora o coronel Erasmo Dias (PP), o delegado Romeu Tuma Júnior (PMDB) e o radialista Afanasio Jazadji (PFL). Da Câmara saem o ex-governador de SP Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP) e o deputado Josias Quintal (PSB-RJ).
Dias foi secretário de Segurança Pública de SP durante o regime militar, entre 1974 e 1979, quando funcionava a pleno vapor o Dops (Departamento de Ordem Política e Social), a polícia política acusada de torturar e matar suspeitos de "subversão".
A linha adotada pelo coronel era defendida por setores da imprensa, como Jazadji. Fleury era governador em 1992 quando 111 presos foram mortos pela polícia, no que ficou conhecido pelo "massacre do Carandiru".
O ex-governador (também ex-secretário de Segurança Pública) diz não ver uma alteração no perfil do eleitorado, já que muitos candidatos ligados à segurança pública tiveram sucesso. Para ele, o candidato Paulo Maluf (PP) acabou concentrando o eleitorado desse segmento em SP.
Campeão de votos no Estado para a Câmara com 739.827 votos, Maluf se defende dizendo que seu eleitorado avaliou mais suas obras, apesar de se vangloriar da política de segurança. "Eu dei segurança a São Paulo. Se outros não deram, têm que explicar. Agora, eu gostaria que o sujeito pudesse sair na rua com sua esposa, com um rolex no pulso e que não acontecesse nada. Se [o discurso sobre segurança] fosse decisivo, o Erasmo Dias e o Conte Lopes estavam eleitos", afirmou ele, que incluiu erroneamente Lopes na lista.
Tuma Júnior é filho do senador Romeu Tuma, delegado da PF, que viu também seu irmão Robson Tuma (PFL) ficar fora da Câmara. Por outro lado, os eleitores consagraram membros da "bancada da bala" como os deputados Alberto Fraga (PFL-DF), Pompeo de Mattos (PDT-RS) e Enio Bacci (PDT-RS). (ROGÉRIO PAGNAN E MATHEUS PICHONELLI)

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