São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007

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Senado instala CPI das ONGs; DEM fica com a presidência

Após disputa na base governista, Ideli Salvatti (PT-SC) emplaca Inácio Arruda (PC do B-CE), seu aliado, como relator da comissão

O presidente é Raimundo Colombo (DEM-SC); serão investigadas denúncias de favorecimento e desvios por ONGs de 1999 até 2006

SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com uma briga entre PT e PMDB pela relatoria da comissão, o Senado instalou ontem a CPI das ONGs para investigar denúncias de favorecimento e desvio de recursos públicos por organizações não governamentais de 1999 até 2006.
Instalada mais de seis meses depois que o pedido foi aprovado, a CPI funcionará por 120 dias e será presidida por Raimundo Colombo (DEM-SC), aliado do ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen (SC).
Após uma disputa na base do governo, o relator indicado foi o senador Inácio Arruda (PC do B-CE). A escolha teve a interferência da líder do PT, Ideli Salvatti (SC), que conseguiu emplacar um aliado no cargo. Com um adversário político à frente da CPI, a petista avalia que será o principal alvo da comissão.
Até a véspera da instalação da CPI, havia acordo na base para que o senador Valter Pereira (PMDB-MS) ficasse com a relatoria. Na última hora, porém, Ideli articulou para rifá-lo.
Ela também trocou indicados pelo bloco governista para compor a CPI, como Sibá Machado (PT-AC). Foi ele quem anunciou na sessão de instalação que Inácio Arruda era o nome do governo para a relatoria. " O entendimento, que o próprio líder do PMDB concordou, era que seria Inácio", disse ele.
Pereira havia dito que não abria mão do posto, mas evitou atacar o PT. "Deixa a poeira baixar", disse. Na noite de anteontem, em jantar com mais 12 senadores do PMDB, ele causou constrangimento ao pedir que a bancada o apoiasse.
A avaliação de Ideli, compartilhada pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), é que após ter capitaneado a "rebelião" do PMDB, Pereira se mostrou "pouco confiável".
Segundo reportagem da revista "Veja" desta semana, os principais envolvidos na denúncia de desvio público na Fetraf-Sul (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul) teriam ligação com Ideli. A ONG recebeu R$ 5,2 milhões entre 2003 e 2007 da União. A oposição suspeita que ONGs integravam esquema de caixa dois do PT catarinense. Ela nega as acusações e atribui a divulgação das denúncias a Raimundo Colombo. Colombo afirmou que "todas as denúncias serão investigadas".
A estratégia da oposição é retomar o caso da compra do dossiê antitucano por petistas nas eleições. Uma das suspeitas é que o dinheiro para a negociação teria saído de ONG ligada a Jorge Lorenzetti, que integrou comitê da campanha de Lula. A filha de Lorenzetti, Natália, trabalha no gabinete de Ideli.
Nos bastidores, o PT ameaça investigar o Comunidade Solidária, que era dirigido pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso.
Inácio Arruda anunciou que tem requerimentos cobrando investigações de ONGs ligadas ao PSDB e Ocips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) durante a gestão FHC. "As Ocips também entram."


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