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São Paulo
Suplicy acha que Marta tem de conquistar a classe média
Apesar das preocupações do senador, petista diz que "povão" terá prioridade
Ontem a candidata liderou uma caminhada no centro que reuniu o senador Aloizio Mercadante e os deputados José Genoino e Paulinho
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
Embora tenha priorizado visitas à periferia da cidade nos
últimos dias, a campanha de
Marta Suplicy (PT) voltou ontem a tratar do voto da classe
média paulistana. Presente nos
eventos de rua da ex-mulher
nos dois últimos dias, o senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) manifestou a preocupação de que
a petista conquiste, no segundo
turno, "corações e mentes nas
regiões de mais alto poder aquisitivo" da cidade.
Um maior apoio da classe
média é visto como fundamental por petistas para que Marta
consiga superar o adversário do
segundo turno, seja ele Gilberto Kassab (DEM) ou Geraldo
Alckmin (PSDB).
Apesar disso, a ex-prefeita
não fez um novo apelo à classe
média ao ser questionada sobre
o assunto.
"Se eu for eleita prefeita, farei
um governo para todos os paulistanos, mas com olhar para o
povão. O povão é o mais necessitado nessa cidade", afirmou.
anteontem, ela já havia dito que
se considera a candidata que,
nesta disputa, está do lado do
"povão".
Segundo o Datafolha, a ex-prefeita lidera com folga na periferia das regiões mais populosas de São Paulo, a leste e a sul,
mas está atrás ou em pé de
igualdade com os adversários
em regiões que concentram a
população mais rica da cidade.
A preocupação de Eduardo
Suplicy com o voto do eleitor
das áreas mais ricas foi manifestada à Folha no bairro Itaim
Paulista, um dos mais periféricos da cidade -fica no limite
do extremo leste de São Paulo.
Nessa região, Marta tem 49%
das intenções de voto, contra
35% da média da cidade.
"Acho importante que, devido ao forte apoio que ela possui
na periferia, Marta conquiste
corações e mentes também nas
regiões de maior poder aquisitivo da cidade. Que mostre que
suas políticas para a população
mais pobre significam uma
maior paz social, menos violência, maior grau de solidariedade", afirmou o senador após
corpo-a-corpo de Marta no comércio de Itaim Paulista. "Se
ela me ouvir mais, vai conseguir [maior penetração na classe média]", acrescentou.
Mais cedo, Marta comandou
na hora do almoço uma caminhada no centro de São Paulo
que reuniu algumas centenas
de pessoas, carros de som e alguma confusão na movimentada área do Viaduto do Chá. Ao
seu lado, estiveram vários congressistas -como o senador
Aloizio Mercadante (PT) e os
deputados federais José Genoino (PT) e Paulo Pereira da
Silva (PDT).
Ao falar com a imprensa após
o evento, Marta agradeceu o
apoio das mulheres à sua campanha -"vocês que têm me seguido desde o primeiro dia têm
visto o entusiasmo, a força que
as mulheres têm me dado"- e
voltou a falar que governará
para os mais pobres, uma tônica de sua campanha.
A petista negou, entretanto,
que tenha restrições em relação ao sistema financeiro. "Fomos parceiros e governamos
com a cidade toda. E não temos
nada contra o sistema financeiro, que nos ajudou. O que tenho
contra é em relação a uma prefeitura que não trabalha o recurso que tem para a população mais pobre, que deixa o recurso parado no banco".
Anteontem, a petista havia
dito que a cidade se divide em
dois campos "muito bem definidos". Kassab e Alckmin, segundo suas palavras, seriam os
representantes do "lado" que
privilegia o sistema financeiro.
Marta voltará hoje a visitar a
periferia de São Paulo. Sua
agenda prevê quatro eventos
na região do Jardim Ângela e
Capão Redondo, extremo sul
da cidade. Nessa região, a petista alcança sua maior intenção
de voto: 52%.
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