São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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São Paulo

Suplicy acha que Marta tem de conquistar a classe média

Apesar das preocupações do senador, petista diz que "povão" terá prioridade

Ontem a candidata liderou uma caminhada no centro que reuniu o senador Aloizio Mercadante e os deputados José Genoino e Paulinho


RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

Embora tenha priorizado visitas à periferia da cidade nos últimos dias, a campanha de Marta Suplicy (PT) voltou ontem a tratar do voto da classe média paulistana. Presente nos eventos de rua da ex-mulher nos dois últimos dias, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) manifestou a preocupação de que a petista conquiste, no segundo turno, "corações e mentes nas regiões de mais alto poder aquisitivo" da cidade.
Um maior apoio da classe média é visto como fundamental por petistas para que Marta consiga superar o adversário do segundo turno, seja ele Gilberto Kassab (DEM) ou Geraldo Alckmin (PSDB).
Apesar disso, a ex-prefeita não fez um novo apelo à classe média ao ser questionada sobre o assunto.
"Se eu for eleita prefeita, farei um governo para todos os paulistanos, mas com olhar para o povão. O povão é o mais necessitado nessa cidade", afirmou. anteontem, ela já havia dito que se considera a candidata que, nesta disputa, está do lado do "povão".
Segundo o Datafolha, a ex-prefeita lidera com folga na periferia das regiões mais populosas de São Paulo, a leste e a sul, mas está atrás ou em pé de igualdade com os adversários em regiões que concentram a população mais rica da cidade.
A preocupação de Eduardo Suplicy com o voto do eleitor das áreas mais ricas foi manifestada à Folha no bairro Itaim Paulista, um dos mais periféricos da cidade -fica no limite do extremo leste de São Paulo. Nessa região, Marta tem 49% das intenções de voto, contra 35% da média da cidade.
"Acho importante que, devido ao forte apoio que ela possui na periferia, Marta conquiste corações e mentes também nas regiões de maior poder aquisitivo da cidade. Que mostre que suas políticas para a população mais pobre significam uma maior paz social, menos violência, maior grau de solidariedade", afirmou o senador após corpo-a-corpo de Marta no comércio de Itaim Paulista. "Se ela me ouvir mais, vai conseguir [maior penetração na classe média]", acrescentou.
Mais cedo, Marta comandou na hora do almoço uma caminhada no centro de São Paulo que reuniu algumas centenas de pessoas, carros de som e alguma confusão na movimentada área do Viaduto do Chá. Ao seu lado, estiveram vários congressistas -como o senador Aloizio Mercadante (PT) e os deputados federais José Genoino (PT) e Paulo Pereira da Silva (PDT).
Ao falar com a imprensa após o evento, Marta agradeceu o apoio das mulheres à sua campanha -"vocês que têm me seguido desde o primeiro dia têm visto o entusiasmo, a força que as mulheres têm me dado"- e voltou a falar que governará para os mais pobres, uma tônica de sua campanha.
A petista negou, entretanto, que tenha restrições em relação ao sistema financeiro. "Fomos parceiros e governamos com a cidade toda. E não temos nada contra o sistema financeiro, que nos ajudou. O que tenho contra é em relação a uma prefeitura que não trabalha o recurso que tem para a população mais pobre, que deixa o recurso parado no banco".
Anteontem, a petista havia dito que a cidade se divide em dois campos "muito bem definidos". Kassab e Alckmin, segundo suas palavras, seriam os representantes do "lado" que privilegia o sistema financeiro.
Marta voltará hoje a visitar a periferia de São Paulo. Sua agenda prevê quatro eventos na região do Jardim Ângela e Capão Redondo, extremo sul da cidade. Nessa região, a petista alcança sua maior intenção de voto: 52%.


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