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Bahia põe logo do governo em orelhas de cabras e bodes
Animais integram programa social que tenta melhorar qualidade do rebanho
Oposição vê campanha publicitária em ação do governo Wagner; neste ano, R$ 8,5 milhões já foram gastos com o projeto
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A ARACI (BA)
O governo Jaques Wagner
(PT) difunde seu lema e sua logomarca em brincos pregados
nas orelhas de 26.640 cabras,
bodes, ovelhas e carneiros distribuídos neste ano a 5.505 famílias de pequenos criadores
que moram em municípios pobres da Bahia.
Já apelidado de Cabra Família, em alusão ao Bolsa Família
do governo Lula, o programa
Sertão Produtivo se propõe a
melhorar a qualidade do rebanho caprino e ovino do Estado.
Famoso na região do semiárido, onde mora a maioria dos
beneficiados pelo programa, o
brinco é amarelo, com letras
em tom escuro.
Feito com material plástico,
o adorno traz escrita a frase
"Terra de todos nós", antecedido de "Governo da Bahia", em
letras grandes, e precedido de
"Secretaria de Agricultura" e
"Suaf", sigla da Superintendência de Agricultura Familiar,
criada por Wagner.
"Governo da Bahia - Terra de
todos nós" é o lema da administração petista, iniciada em janeiro de 2007. No alto do brinco, ao lado do lema, aparece a
logomarca do governo: um
triângulo de lados desiguais,
como a vela das tradicionais
embarcações que singram o litoral baiano.
A logomarca e o lema já são
bastante conhecidos na Bahia.
Estão em outdoors, laterais de
carros públicos, bonés distribuídos ao funcionalismo e fachada de obras -como na sede
da empresa de turismo do Estado, a Bahiatursa, ao lado do elevador Lacerda, atração turística de Salvador.
Para prender o brinco, técnicos do governo furam a orelha
dos animais, como se faz com
seres humanos. Na face do
adorno voltada para o couro, de
visualização difícil, aparece
uma numeração, registro oficial da inscrição daquele caprino ou ovino no programa.
Com um nome novo, o Sertão
Produtivo deu continuidade e
ampliou o projeto Cabra Forte,
criado na gestão de Paulo Souto
(DEM), antecessor de Wagner.
A proposta do governo é, até o
final deste ano, ter distribuído
cerca de 38.265 caprinos e ovinos para 7.560 famílias em 128
dos 417 municípios baianos.
A oposição considera que o
governo faz campanha publicitária ao fixar brincos com marcas da gestão petista em animais doados a famílias carentes, moradoras das cidades de
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo no
Estado, na região do semiárido,
assolada por secas.
Em Salvador, o ex-governador mostrou fotos de cabras e
bodes com brincos em recentes
reuniões políticas. Paulo Souto
disse, na ocasião, estar indignado. À Folha o deputado federal
Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) afirmou considerar
"ridícula" e "surreal" a colocação do lema e da logomarca em
objetos presos a cabras, bodes,
ovelhas e carneiros.
"Se não fosse trágico, seria
cômico. Porque enquanto faltam recursos para a polícia dar
segurança à população, faltam
médicos nos hospitais, faltam
professores nas escolas, sobra
dinheiro para o governo fazer
propaganda e divulgar sua
marca inclusive em animais."
A distribuição é feita por
quatro empresários e três empresas e associações que venceram, no ano passado, concorrência do governo. A Secretaria
de Agricultura do informa que
já foram gastos R$ 8,5 milhões
dos cerca de R$ 12 milhões orçados até o fim do ano.
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