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JUSTIÇA
Firma acusada de fraude sob Maluf vende bem retido
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A empreiteira Constran, apontada pelo Ministério Público paulista como co-responsável no desvio de dinheiro de obras públicas,
aproveitou uma brecha judicial e
vendeu um casarão bloqueado
pela Justiça por R$ 450 mil.
Trata-se de um sobrado na rua
Votuporanga, no bairro Sumaré,
de 220 m2. A casa e todos os demais bens da Constran foram bloqueados judicialmente em novembro de 2004 por suposto envolvimento no desvio de dinheiro
da construção do túnel Ayrton
Senna, na gestão do ex-prefeito
Paulo Maluf (1993-96).
A obra ficou célebre por ter custado, em metro linear, mais do
que o túnel sob o canal da Mancha, que liga Inglaterra e França:
US$ 223,8 mil contra US$ 155 mil.
Os bens dos Maluf também foram bloqueados -a medida é
uma garantia solicitada pela Promotoria, que quer a restituição de
R$ 5 bilhões aos cofres públicos.
Quatro meses após o bloqueio,
em maio, a Constran conseguiu
na Justiça cancelar a medida. Enquanto a Promotoria recorria, em
2 de junho, a casa foi vendida a
um empresário paulista. Como o
bloqueio voltou a vigorar em outubro, o Ministério Público quer
agora que a casa volte ao rol de
imóveis à disposição da Justiça.
O empresário, que pagou
R$ 450 mil pela casa e gastou R$
150 mil numa reforma, disse não
estar disposto a devolver o imóvel. A Constran foi procurada ontem, mas não quis se pronunciar.
Para a Promotoria, verbas da
obra e da avenida Água Espraiada
abasteceram contas no exterior. O
desvio seria feito por meio de empresas fantasmas subcontratadas,
que vendiam notas fiscais frias.
Uma delas é a Planicampo, que
emitiu R$ 93,8 milhões em notas
frias. Renato Cavarieri, técnico de
laboratório da USP, disse ter descoberto sua participação societária na empresa após tentar vender
um Corsa e descobrir que o veículo estava bloqueado.
A Jatobá, que emitiu R$ 850 mil
em notas frias, está registrada sob
os nomes de Geralda Magela e de
Samuel de Souza, que morreu em
2001. Ela mora na favela do Lixão
(zona sul de SP).
O uso dos "laranjas" é tema de
inquérito civil do promotor Sílvio
Marques, autor do pedido de bloqueio dos bens do ex-prefeito.
Maluf, que passou 40 dias preso,
nega ter dinheiro no exterior e diz
ser vítima de perseguição política.
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