São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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"Brasil não quer liderar nada", diz Lula a jornais europeus

Presidente reafirma que América do Sul é prioridade em sua política externa

Petista diz que quer ter uma "relação privilegiada" com os EUA e a União Européia, mas que "aliança preferencial" com vizinhos é importante

DA REDAÇÃO

Embora tenha declarado desejar ter uma relação "privilegiada" com os Estados Unidos e a União Européia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, em entrevista a três jornais europeus, que a prioridade da política externa no seu segundo mandato continuará sendo a América do Sul.
Lula ressaltou, porém, que o Brasil "não quer liderar nada", mas sim ser parceiro dos demais países do bloco.
"Se para nós é importante uma aliança preferencial com a América do Sul, é porque somos um país rico, mas não podemos crescer com países pobres ao redor", disse o presidente ao espanhol "El País", ao francês "Le Figaro" e ao italiano "La Repubblica".
A entrevista foi feita antes da viagem de Lula à base da Marinha na praia de Inema, na Bahia, para descansar no feriado de Finados. Os três jornais a publicaram ontem, com direito a chamadas em suas primeiras páginas. Leia, a seguir, os principais trechos.

 

AMÉRICA DO SUL
Temos de pensar em quem está mais próximo de nós, quais são as semelhanças dos países da América do Sul e do Brasil, e o que podemos fazer para nos ajudar mutuamente.
Se para nós é importante uma aliança preferencial com a América do Sul, é porque somos um país rico, mas não podemos crescer com países pobres ao redor. Sabemos como ajudar esses países porque somos a maior economia da América Latina e temos obrigações perante nossos vizinhos.
Eliminamos do nosso dicionário qualquer pretensão de hegemonia. O Brasil não quer liderar nada, e sim ser parceiro de todos os países e trabalhar em harmonia para que possamos ver o continente crescer.

HUGO CHÁVEZ
A relação da Venezuela com os EUA não é a mesma relação do Brasil com os EUA. As necessidades da Venezuela não são as mesmas do Brasil. Por que comparar países distintos? Creio que Chávez seja bom para a Venezuela. É o presidente que mais se preocupou com os pobres nos últimos 30 anos. O mesmo ocorre com o Evo Morales, que defende as necessidades da Bolívia.
Chávez trabalha em função da realidade política da Venezuela e eu, da do Brasil. Quando se trata de política externa na América do Sul, nós pensamos da mesma forma. Mas quando se trata de relações estratégicas, ele pode pensar uma coisa, e eu, outra.

EUA E UNIÃO EUROPÉIA
Queremos uma relação privilegiada com a Europa, e também quero manter uma relação privilegiada com os EUA. É uma relação estratégica, porque se trata do nosso maior parceiro comercial. Mas precisamos nos abrir a novos espaços no mundo globalizado e não podemos depender de apenas uma economia ou duas.
O Brasil quer ter um papel muito forte no plano internacional e quer que se firme um acordo entre o Mercosul e a União Européia. Embora essas coisas sejam difíceis, acabam tendo solução, porque o Brasil e a Europa compartilham interesses estratégicos comuns. Estou convencido de que o Brasil está no caminho correto em sua política externa.


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