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Economia local motiva doações nos Estados
Governadores vitoriosos no 1º turno tiveram grande parte de suas campanhas financiadas por empresas com interesses nas regiões
No Amazonas, por exemplo, Eduardo Braga recebeu apoio de indústrias da Zona Franca; só a Gradiente doou R$ 750 mil à campanha
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Na maioria dos Estados onde
a eleição foi definida já em primeiro turno, o governador que
saiu vitorioso das urnas contou
com o financiamento maciço
para a campanha de grandes
grupos que têm interesses econômicos locais.
É o que mostram as prestações de contas finais de campanha entregues ao TSE. Em Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB) recebeu da Tavares de Melo Açúcar e Álcool
R$ 660 mil, em três parcelas. O
grupo possui duas unidades
produtoras no Estado, as usinas Passa Tempo e Maracaju.
O segundo maior investidor
de sua campanha foi Eike Batista, ex-marido da modelo Luma de Oliveira, que doou
R$ 400 mil. O empresário, dono do grupo EBX, enfrenta problemas ambientais para instalar uma siderúrgica em Corumbá (400 km de Campo Grande).
Batista também doou a Cid
Gomes (PSB), no Ceará. Foram
R$ 200 mil. O empresário detém uma termelétrica em Pecém (61 km de Fortaleza), que
foi apelidada de "TermoLuma".
No Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) recebeu apoio financeiro de indústrias da Zona
Franca. A Gradiente puxa a lista de doadores, com R$ 750 mil.
A Yamaha doou R$ 500 mil, e a
Caloi, R$ 400 mil.
Empresas de eletroeletrônicos como Semp Toshiba, LG,
Siemens, CCE, Sanyo, Tec Toy
e Panasonic também fazem
parte da lista.
As principais doações ao governador reeleito do Espírito
Santo, Paulo Hartung (PMDB),
são de empresas privadas que
atuam no ramo do comércio
exterior. A Cisa Trading cedeu
R$ 1,5 milhão. A Cotia Trading
deu R$ 500 mil. Ambas operam
no porto de Vitória.
A Aracruz Celulose, constantemente em conflito com índios tupiniquins e guaranis pela disputa de uma área no Espírito Santo, doou R$ 200 mil ao
peemedebista reeleito.
Bancos e engenharia
Já em Mato Grosso, o governador Blairo Maggi (PPS), que
se manteve no cargo, contou
com o auxílio da Nortox, que
lhe deu R$ 500 mil.
No próprio site da empresa,
que produz herbicidas e inseticidas, é reproduzida uma declaração do governador do PPS,
dizendo que as obras de implantação da unidade em Rondonópolis (219 km de Cuiabá)
"significam o início de um processo de mudança do modelo
econômico sempre defendido
pelos agricultores".
Muitas das doações aos governadores são feitas por bancos e empresas de engenharia.
As construtoras também aparecem em quase todas as prestações de contas dos candidatos eleitos. No Piauí, onde Wellington Dias (PT) foi reeleito, e
no Acre, onde Binho Marques
(PT) se elegeu, elas encabeçam
a lista de doadores. A Construtora Getel doou R$ 200 mil a
Dias. A JM Terraplanagem
Construção deu R$ 160 mil a
Marques, que atraiu ainda doações de madeireiras.
Família
Em Roraima, a família Sodré
Santoro, do suplente de senador e leiloeiro Luiz Fernando
de Abreu (PTB), foi a que mais
doou à campanha do governador Ottomar Pinto (PSDB):
R$ 800 mil. O próprio governador deu, de seu próprio bolso,
R$ 100 mil à campanha.
Em Minas Gerais, o governador Aécio Neves (PSDB), que
teve uma receita de R$ 19 milhões, recebeu R$ 1 milhão de
apenas uma empresa: a Urucum Mineração. Em compensação, em sua prestação de contas há mais de 20 páginas de
doações que variam de
R$ 1.000 a R$ 10 mil.
Na Bahia e em Sergipe, onde
venceram os petistas Jaques
Wagner e Marcelo Déda, o comitê financeiro nacional para
presidente de Lula e o Diretório Nacional do PT foram os
principais financiadores das
campanhas. Doaram R$ 1,1 milhão e R$ 865 mil, respectivamente. Os governadores que
foram eleitos no segundo turno
têm até o dia 28 de novembro
para prestar contas.
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