|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empreiteiras recebem R$ 296 mi de Azeredo
Seis construtoras, segundo a PF, fizeram doações clandestinas de R$ 8,2 milhões para a campanha de reeleição do tucano
Polícia diz que dinheiro foi utilizado na quitação de empréstimos contraídos por Valério para a campanha ou custearam gastos eleitorais
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
As seis empreiteiras que, de
acordo com a Polícia Federal,
fizeram doações clandestinas
de R$ 8,2 milhões para a campanha de 1998 à reeleição do
então governador mineiro e
atual senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) receberam
R$ 296 milhões em pagamentos por obras na sua gestão (de
1995 a 1998).
O levantamento foi feito, a
pedido da Folha, pela Secretaria de Transportes e Obras Públicas de Minas. Os recursos
repassados às empreiteiras somam 13,3% dos gastos em
obras de 1996 a 1998 no Estado
(a secretaria não forneceu dados de 1995), de R$ 2,2 bilhões.
Em relatório do inquérito
que apurou o valerioduto tucano -suposto esquema de financiamento irregular da campanha de Azeredo e aliados em 1998-, a PF aponta que seis
construtoras fizeram doações
irregulares por meio de depósitos em contas de empresas do
publicitário Marcos Valério.
São elas: Erkal (repasse de R$
101 mil), ARG (R$ 3 milhões),
Queiroz Galvão (R$ 2,36 milhões), Egesa (R$ 1,8 milhão),
Tratex (R$ 903,5 mil) e Servix
(R$ 50 mil).
Esse dinheiro, aponta a PF,
foi usado para quitar empréstimos contraídos por empresas
de Valério para a campanha ou
"custearam diretamente despesas eleitorais". Das seis construtoras, a ARG aparece como
doadora oficial da campanha,
mas com R$ 262 mil.
A PF afirma que Valério usava suas agências para "simular
ou superfaturar contratos de
publicidade para conferir aparência legal aos créditos originados de doadores privados,
em sua maioria empresários
com interesses comerciais junto ao Estado de Minas Gerais".
Das seis empreiteiras apontadas pela PF como doadoras
ilegais de Azeredo, quatro
-Queiroz Galvão, Erkal, ARG e
Egesa- são citadas na chamada "lista do Mourão". O documento, assinado pelo tesoureiro da campanha, Cláudio Mourão, relaciona fontes e destinatários do suposto caixa dois.
A secretaria forneceu à reportagem 47 contratos das empreiteiras com o governo, fechados nos últimos 19 anos.
Desse total, 19 (40%) foram assinados na gestão de Azeredo,
com Egesa (9), ARG (5), Erkal
(4) e Queiroz Galvão (1).
O restante dos contratos foi
assinado nos governos Newton
Cardoso (1987 a 1991, seis contratos), Hélio Garcia (1991 a
1994, dez), Itamar Franco
(1999 a 2002, seis) e Aécio Neves (2003 a 2006, seis).
Dos 47 contratos, apenas
três foram celebrados sem licitação -dois com a Erkal e um
com a Egesa, e na gestão de
Azeredo. Somam R$ 9,4 milhões. A justificativa para a dispensa de licitação foi emergência ou calamidade pública.
O contrato PJU 22.117/07,
por exemplo, de R$ 757 mil, foi
fechado com a Egesa em dezembro de 1997, para construção de ponte sobre o rio das Velhas na MGT-262, no acesso ao
distrito de Santo Antônio das
Roças Grandes, em Sabará
(Grande Belo Horizonte).
O levantamento da secretaria incluiu ainda repasses às
seis empreiteiras na gestão Itamar Franco (1999-2002) e no
primeiro governo Aécio Neves
(2003-2006).
Sob Itamar, as construtoras
receberam R$ 214 milhões,
15,5% do total de R$ 1,37 bilhão
de gastos em obras públicas.
Os repasses na primeira gestão de Aécio somaram R$ 201
milhões -5,7% do total de
R$ 3,49 bilhões gastos em
obras públicas.
Texto Anterior: MST enfrenta desistências em Ribeirão Próximo Texto: Secretaria diz que não pode barrar empresa Índice
|