São Paulo, segunda-feira, 04 de dezembro de 2000

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PAINEL


Risco baiano
ACM afrontou demais o governo. Agora, que trava com Jader Barbalho (PMDB-PA) uma guerra de morte para preservar seu espaço nacional, começa a sofrer desfalques em casa, na Bahia. Avaliação no Planalto: vulnerável como nunca, o baiano, como nunca, tende a se tornar o maior perigo para FHC.

Fera ferida
No governo há quem aposte que chegou a hora de induzir o declínio de ACM, fazendo-o morrer pela boca. Os mais cautelosos, porém, avaliam que deixá-lo ao relento na planície, sem compensações, irá deflagrar uma fúria inaudita do baiano contra o que resta da era FHC.

Equilíbrio à distância
Seduzido pela vaga de Luiz Felipe Lampreia no Itamaraty, Jorge Bornhausen tem consciência de que seu nome é uma espécie de garantia para o cada vez mais difícil equilíbrio interno do PFL. Seria arriscado demais deixar a presidência do partido nas mãos da Bahia ou de Pernambuco.

Bolsa de apostas
Na avaliação de um integrante do Itamaraty com acesso privilegiado ao Planalto, a sucessão de Lampreia está no seguinte pé: Celso Lafer tem 80% de chances; Sebastião do Rêgo Barros, 10%; e uma indicação política (Bornhausen, por exemplo), 10%.

Termômetro
Na viagem que fez com FHC ao México, Celso Lafer esteve sempre acompanhado por uma nuvem de embaixadores. Essa turma, cuja vocação é conhecida, raramente fareja errado.

Desintegração
A cúpula do PMDB está de olho em Fernando Bezerra (Integração). O ministro negocia sua candidatura ao governo potiguar com o PFL local. Teme-se que quebre o pacto da sigla em torno de Jader Barbalho.

Bola nas costas
A demissão de Maurício Vasconcelos da secretaria-executiva da Integração foi absorvida pelo PMDB. O que pegou mal foi Fernando Bezerra dizer que ele, burocrata de longa data, era indicação de Jader Barbalho.

Na penumbra
Ontem, no Congresso, a TV Câmara e a TV Cultura gravavam em parceria cenas de um documentário sobre o AI-5.

Orelha vermelha
O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), está furioso com as articulações para a fusão de seu partido com o PTB: "Se alguém no PPS imagina ou prega isso é um bestalhão, um irresponsável. Eu desautorizo qualquer quadro a falar isso em nome do partido".

Sem recibo
Os líderes do PPS na Câmara e no Senado, João Herrmann (SP) e Paulo Hartung (ES), tiveram várias conversas com membros do PTB nos últimos dias para tratar da fusão dos partidos. Herrmann embarcou ontem para o México. Encontrará Ciro Gomes e Mangabeira Unger.

Momento sincero
Comentário ouvido nos bastidores da fusão frustrada entre PTB e PDT: "O PTB é a Capitu da novela "Laços de Família", moça de passado duvidoso que quer recuperar a imagem; o PDT é a Salomé de Passo Fundo, antiga personagem de Chico Anísio que, de tão ultrapassada, já saiu do ar". Deu no que deu.

Sinais trocados
O novo secretário da Saúde de Marta, Eduardo Jorge (PT-SP), era a indicação preferida de José Serra, que fez chegar sua opinião à prefeita eleita. As resistências à nomeação vinham de núcleos mais "enragés" do próprio PT, que o consideram muito "light".

Lançamento
Será lançado hoje, às 19h, na livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos, em São Paulo, o livro "Democracia, Violência e Injustiça: O Não-Estado de Direito na América Latina", obra de Paulo Sérgio Pinheiro, Guillermo O'Donnell e Juan E. Méndez.


TIROTEIO
De Heloísa Helena, líder do PT no Senado, sobre a crise deflagrada na base aliada em torno das disputas no Congresso:
- Estarei esperando ansiosamente os feridos na enfermaria do Congresso, com as propostas de abertura de CPIs na mão.


CONTRAPONTO
Fazendeiro no Planalto

O senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) estava com a eleição praticamente assegurada, em 1994, quando recebeu um convite para um debate numa faculdade de Campo Grande.
Fazendeiro que gosta de cultivar o estilo do matuto sabido, Lúdio não queria ir, alegando que não se sentia confortável no ambiente universitário, mas foi convencido por assessores.
Foi, leu uma folha de papel que lhe preparam e já ia se retirando quando uma estudante se manifestou, impertinente:
- Olha aqui, seu Lúdio, infelizmente o sr. já está eleito mesmo, então nos diga qual é a primeira coisa que vai fazer quando assumir o mandato?
Os colegas da estudante riram e a aplaudiram. Lúdio ficou em silêncio por alguns segundos, matutando, antes de responder:
- Vou fazer é um terno, porque dizem que em Brasília ninguém entra sem terno e gravata!




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