LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A Brigada Militar entrou em conflito ontem pela manhã com ruralistas no km 90 da RS-630 para permitir que 400 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) prosseguissem, escoltados por 80 policiais, marcha até uma propriedade comprada por uma pessoa física e cedida a eles. Os sem-terra chegaram à propriedade às 15h.
Os produtores montaram um bloqueio. O prefeito de São Gabriel (RS), Rossano Dotto Gonçalves (PDT), e o presidente do sindicato rural local, José Francisco Costa, foram detidos por desacato à autoridade e depois liberados.
O confronto ocorreu porque a tropa tentou desbloquear a rodovia. Para dispersá-los, utilizou balas de borracha e bombas de efeito moral. Os ruralistas reagiram com paus e pedras. O universitário Álvaro Laureano, 23, filho de um ruralista, foi atingido por uma bala de borracha na perna. Outros ruralistas exibiram hematomas.
A ordem, segundo a BM, partiu do governador Germano Rigotto (PMDB), que se disse preocupado com o desrespeito à lei. À tarde, Rigotto anunciou uma sindicância. Segundo o prefeito, "foi uma ação truculenta da Brigada".
Uma das líderes da marcha, Ana Leite, disse que os sem-terra vão acampar no local. O MST espera ter um "assentamento modelo", segundo o deputado estadual Sérgio Görgen (PT). A fazenda aonde chegou o MST fica em Vacaraí e tem 3.600 hectares. Ela foi vendida pelos irmãos Milton Bergamo e Cledi Bergamo, por R$ 8.600, a José Guilherme Leal. Os ruralistas dizem que ela está em processo de inventário e por isso sua venda seria irregular. A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul tentará impedir a venda da área.


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