São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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43 senadores declaram votar pela cassação

Para cassar Renan, são necessários 41 votos; como votação é secreta, mudanças de posição dos parlamentares são esperadas

Reportagem ouviu 77 dos 81 senadores; 13 disseram que vão votar pela absolvição, 16 não quiseram revelar o voto e cinco se disseram indecisos

MARIA LUIZA RABELLO
FELIPE SELIGMAN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na véspera da sessão que vai definir o futuro político do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), 43 senadores declararam à Folha que votarão pela cassação do colega hoje, dois a mais do que o mínimo necessário para que ele perca o mandato. O resultado contradiz o clima de absolvição que paira sobre a Casa desde a licença de Renan.
Para cassá-lo, são necessários 41 votos. Porém, como a votação é secreta, são esperadas traições entre os que se declaram pró e contra Renan. No caso Mônica Veloso, em que Renan foi acusado de ter contas pessoais pagas pela empreiteira Mendes Júnior, 45 senadores afirmaram à Folha ter votado pela cassação de Renan, em setembro. O placar final, entretanto, registrou apenas 35 votos nesse sentido. Foram ouvidos 77 dos 81 senadores. Além dos 43 congressistas que disseram ter convicção quanto à quebra do decoro, 13 disseram que vão votar pela absolvição. Outros 16 senadores não quiseram revelar o voto, e cinco se disseram indecisos quanto à culpa de Renan.
Os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) não foram localizados durante os quatro dias de levantamento. Dos 13 entrevistados que declararam apoio ao presidente licenciado, dez são do PMDB, partido de Renan. A chamada "tropa de choque" do senador, representada principalmente por Almeida Lima (PMDB-SE), Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, e Wellington Salgado (PMDB-MG), se mantêm firme na defesa. O PT, que no primeiro processo de Renan foi responsabilizado pelas seis abstenções, conta com sete senadores declaradamente favoráveis à cassação. Os outros cinco da bancada não quiseram abrir o voto.
Aloizio Mercadante (PT-SP) se disse convicto da quebra do decoro de Renan. Os senadores do DEM e do PSDB disseram que votarão em peso pela cassação. Parte do clima "ameno" no Senado se deu em função de suposto acordo em que o presidente licenciado pediria renúncia do cargo e, em troca, seria absolvido. Levantamento feito pela Folha, entretanto, indica que uma renúncia à presidência pouco influenciaria o voto dos senadores.
Dos 48 senadores questionados -43 que se disseram a favor da cassação e cinco indecisos- apenas três afirmaram reconsiderar seus votos caso Renan deixe a presidência: César Borges (PR-BA), Fátima Cleide (PT-RO) e Mão Santa (PMDB-PI).


Colaborou ADRIANO CEOLIN, da Sucursal de Brasília


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