São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Governos e a indecisão

Em palestra, o editor do "New York Times" afirmou que a questão para o jornal na web é como viabilizar a "indecisão angustiante", própria do bom jornalismo. Como se ecoasse a imagem, o site entrou madrugada, ontem, sem as pesquisas que davam vitória a Chávez -ao contrário do resto do mundo. E não demorou a noticiar, nas manchetes de site e papel, a derrota "apertada" que "freia" a transformação da Venezuela.
Ontem, mal deixou a derrota de Chávez para trás, o site destacou novo relatório de inteligência dos EUA, dizendo que o programa de armas do Irã "parou em 2003" -o que "contradiz" relatórios anteriores sobre "armas atômicas". O anúncio foi "público", notou o jornal, para "garantir uma apresentação mais exata". A manipulação de informações pela Casa Branca ou qualquer governo foi outro foco do editor do "NYT".

HUMANOS + ALGORITMOS
nyt.com
A redação integrada


A palestra do editor do "NYT", dias atrás em Londres, questionou diretamente Google News e Wikipedia, em contraste com o jornalismo tradicional. Mas é o próprio "NYT" que mais avança na transição para o novo meio.
Integrou as duas redações, abriu acesso geral, contratou um editor de busca, passou a linkar -e mais importante, dizem sites como Mashable, testa ferramenta de seleção de notícias on-line, externas, similar ao TechMeme. Sua diferença é adicionar "editores humanos aos algoritmos".

ANTES DA DERROTA
Um dos primeiros indícios da vitória do "não", segundo o Terra Magazine, de Caracas, foi a suspensão do informe publicitário contratado pelo governo junto à imprensa da Venezuela, domingo à noite.
Para Bob Fernandes, que faz uma biografia de Chávez, ele perdeu por se afastar de seu ex-ministro Raúl Baduel -que, vitorioso, se candidata agora a governador de Aragua.

UMA CORREÇÃO
Dos poucos a fazê-lo na web, o site de Míriam Leitão no Globo Online reconheceu que "o blog se precipitou".

"SPIN DOCTORS"
No dia anterior, os sites de "spin doctors", como apelidou o blog de Pedro Dória, não apenas postavam a vitória, ouvindo enviado petista como fez Paulo Henrique Amorim no iG, mas comentavam que "a Venezuela passa a ser um país sem lei", "ditadura, agora oficial", como fez Reinaldo Azevedo na Veja On-line.
Ontem, já davam a vitória do "não" como derrota de "pesquisas" em geral, até do Datafolha de domingo sobre o terceiro turno, no caso de Amorim, ou como afirmação do Datafolha, um "não" para Lula, no caso de Azevedo.

PROTECIONISMO LÁ
No debate CNN/YouTube entre os republicanos, dias atrás, o presidenciável Mitt Romney defendeu manter os subsídios aos fazendeiros americanos dizendo que eles precisam enfrentar os brasileiros, também subsidiados.
E no "Financial Times" a democrata Hillary Clinton já expressa "dúvidas" na Rodada Doha, "ceticismo" com o livre comércio -a exemplo do adversário Barack Obama.

MAIS E MAIS BRICS
Em destaque nos sites de busca, a Bloomberg noticiou ontem que, "no meio da maior queda nas ações globais em cinco anos, os investidores aplicam nos lançamentos de ações do Brasil à Índia". Passam também por China "e outros emergentes", sempre os Brics -como locomotivas.

UTOPIA DE MERCADO
Sobre o caso brasileiro, o "Financial Times" ressaltou, em análise desde Londres, a "notável automelhoria" na bolsa, com a "governança" empresarial crescendo aos poucos desde a criação do Novo Mercado. "Idéia que, então, parecia utópica", mas amontoa investidores à porta.


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@ - Nelson de Sá



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