São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

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Para jornal alemão, "superstar" Lula vai "salvar o clima"

Periódico com maior número de assinantes da Alemanha trata presidente brasileiro como "político mais popular do planeta"

Diário diz que o petista, tratado de maneira informal e cordial por Angela Merkel, chanceler alemã, é "adorado por 80% dos brasileiros"

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Quem diria que o filho de dona Lindu, mais conhecido mundialmente como Lula ou, na versão mais longa, Luiz Inácio Lula da Silva, viraria "superstar" (ou "zuperstar", já que os alemães pronunciam todo "esse" como "zê")? Virou já no título do jornal "Süddeutsche Zeitung", o de maior número de assinantes na Alemanha, editado em Munique e lido por 1,1 milhão de pessoas.
No texto, o filho de Eurídice Ferreira de Mello, a dona Lindu, é tratado como "o político mais popular do planeta", "adorado por 80% dos brasileiros" e diante de quem "os poderosos do planeta fazem fila". Para o jornal, Lula não visita Berlim (ontem) e Hamburgo (hoje), "honra Berlim e Hamburgo", a caminho de Copenhague, para "ajudar a salvar o clima".
Angela Merkel (pronuncia-se "Anguela", embora Lula tenha ido de Angela mesmo) pode não ter feito fila para ficar frente a frente como Lula, mas tratou-o como "amigo" e até, no final da entrevista coletiva que ambos deram na Chancelaria alemã (a sede do governo), usou o "du" que é tu, rara intimidade de um alemão, que usualmente prefere o "sie", de você, mas também de senhor.
Lula parecia absolutamente à vontade com Merkel. Enquanto eram assinados vários convênios, pelos respectivos ministros, os dois líderes ficaram conversando animadamente, com a intermediação de Sérgio Ferreira, o intérprete que acompanha Lula desde os tempos do sindicalismo. Merkel falava em inglês, idioma que Lula não domina, mas no qual Ferreira é um craque.
De alemão, brincou Lula, só aprendeu "auf Wiedersehen" (até logo), nos tempos em que ia à Alemanha como dirigente sindical e recebia a solidariedade de seus colegas, que aproveitou para agradecer ontem.
Antes da conversa com Merkel, o presidente não hesitou em voltar aos tempos de filho de dona Lindu. Foi quando chegou ao "Neue Wache", o antigo memorial para as vítimas das guerras napoleônicas, semidestruído durante a 2ª Guerra Mundial (1939/45) e refeito, no fim dos anos 60, pela antiga Alemanha Oriental, agora como memorial das vítimas do fascismo e do militarismo.
O que chamou a atenção de Lula foi uma barraquinha de venda de salsicha, outro fenômeno bem alemão, nas quais se deliciava quando as pompas das visitas de Estado estavam longe de seu alcance.
Pediu para um assessor comprar um sanduíche, deu uma leve beliscadinha e levou o resto para o hotel Ritz-Carlton, em que se hospedou, embrulhado em papel-alumínio, como o faria o filho de dona Lindu. Lamentou não poder comer mais.
À porta do Ritz-Carlton, meia dúzia de jovens de caderno em punho esperavam. Não, não era por Lula, mas por um certo Paul McCartney, um "pop-star" ainda mais conhecido do que o filho de dona Lindu.


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