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Volta à sala da PF é vitória da defesa de ex-juiz
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo preso, o ex-juiz Nicolau
dos Santos Neto conseguiu uma
vitória parcial. Não obteve prisão
domiciliar como pleiteava, mas
voltou para o antigo casarão da
Polícia Federal, em Higienópolis,
e vai ocupar novamente uma sala
improvisada, de 6 metros quadrados, no segundo andar.
A decisão contraria o desejo da
PF que havia, pela manhã, preparado uma cela comum, no porão
do prédio, para receber o ex-juiz.
Apesar de oficialmente não se
manifestar, policiais federais rejeitam a custódia de Nicolau.
Uma das principais alegações é
a falta de estrutura. Ficando na sala improvisada, uma área do segundo andar precisa ser isolada, o
que atrapalha a rotina dos funcionários que trabalham no prédio,
segundo a PF.
Há ainda o custo da vigilância
do ex-juiz. Oito policiais federais,
que recebem em média R$ 5.000
por mês, revezam-se em turnos
de seis horas para fazer a segurança exclusiva do preso.
Apesar da polêmica, a determinação do STJ (Superior Tribunal
de Justiça) foi acatada e Nicolau
entrou sorrindo no prédio da PF.
Com tapinhas nas costas e apertos
de mão, o ex-juiz cumprimentou
agentes e delegados federais.
A cela
Bem diferente da cela comum
inicialmente preparada pela Polícia Federal no porão do prédio, a
sala especial não tem grades, tem
o chão forrado com carpete e fica
normalmente com a porta aberta.
O ex-juiz pode circular em uma
área delimitada, além da sala.
Apesar de pequena (6 metros
quadrados), Nicolau tem acesso a
uma televisão com videocassete e
a uma geladeira, que pertencem à
Polícia Federal.
Na cela do porão, Nicolau teria
mais espaço (cerca de 25 metros
quadrados), porém perderia em
qualidade. Ele teria de conviver
com um ambiente mais abafado,
com pouca luminosidade natural
e com cheiro de mofo. Além de
grades na janela e na porta.
A cela comum inicialmente prevista tem uma TV, um colchonete
e um banco de concreto.
Para a PF, essa instalação seria a
mais prática, já que a segurança
seria feita pelos próprios encarregados da carceragem, que cuidam
ainda de outros dois presos.
A defesa do ex-juiz não concordou. A advogada Carla Domenico, que visitou a cela ontem, considerou-a imprópria para abrigá-lo. Ela defendeu o direito de Nicolau a uma prisão especial, já que
tem curso superior.
A advogada alegou que a decisão do STJ foi precisa ao determinar o retorno de Nicolau "à situação anterior".
O presidente do Sindicato de
Delegados da Polícia Federal de
São Paulo, Armando Rodrigues
Coelho Neto, afirmou que a carceragem da PF não é o local
"ideal" para abrigar o ex-juiz.
"Decisão da Justiça se cumpre.
Mas, em rigor, a custódia é temporária e já estava em processo de
desativação, a pedido da própria
Justiça", afirmou Coelho Neto.
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