São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2001

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NAUFRÁGIO


Tonelero S-21 ficou dez dias no fundo do mar

Operação de resgate traz de volta à superfície submarino da Marinha



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Após dez dias no fundo da baía de Guanabara, o submarino Tonelero S-21 emergiu anteontem à noite no cais do Arsenal de Marinha do Rio. Após a colocação de duas bombas de sucção, os mergulhadores da Marinha conseguiram agilizar a operação, que, segundo os comandantes, não tinha prazo para terminar.
No início da noite de anteontem boa parte do submarino já era visível. No entanto o Tonelero voltou à superfície somente por volta das 22h, quando foi rebocado para o dique Almirante Jardim.
A operação de limpeza externa do submarino estava prevista para terminar ontem. Após dez dias no fundo do mar, o Tonelero apresentava limo e lama no casco.
Com o êxito da operação de resgate, os oficiais estavam otimistas quanto ao futuro do Tonelero. "As condições a bordo ficaram mais fáceis. Os mergulhadores superaram a péssima visibilidade e a inclinação do Tonelero e conseguiram colocar mais duas bombas de sucção de água, além das quatro existentes. Isso facilitou o trabalho", disse o chefe do Estado-Maior da Frota de Submarinos da Marinha, capitão-de-mar-e-guerra João Carlos Resende.
O Tonelero, que tinha vida útil de mais dois anos, afundou ancorado ao cais do Arsenal da Marinha na noite de 24 de dezembro e ficou a nove metros de profundidade, carregado com quatro torpedos "Tigerfish" desativados.
O diretor de Relações Públicas da Marinha, capitão-de-mar-e-guerra Luiz Roberto Palmer, afirmou que a perícia no Tonelero não tem prazo para terminar e que o resultado do inquérito poderá ser confidencial. O prazo para a conclusão do inquérito, que terminaria em 30 dias, poderá ser prorrogado por mais 20 dias.
Ontem, dez peritos da Marinha trabalharam dentro do Tonelero para saber o estado do submarino. Uma comissão de inspeção está encarregada de levantar os danos sofridos pelo submarino. Outra comissão tenta descobrir as causas do naufrágio.
A principal preocupação dos peritos é saber como estão as condições dos equipamentos eletrônicos do Tonelero. Os aparelhos mais frágeis são os computadores de navegação, o equipamento de GPS (Gerenciamento por Satélite), os radares e o sonar, que orienta o deslocamento do submarino, fazendo a varredura das ondas sonoras. Segundo Palmer, os torpedos seriam retirados no dique onde o submarino permanecerá até o final da perícia.
Até o início da noite de ontem, a Marinha não havia sido notificada oficialmente da multa que a Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) pretende aplicar pelo vazamento de óleo na madrugada de anteontem durante a retirada de água do interior do Tonelero.
"Para a Marinha, não houve vazamento. O óleo combustível não vazou dos tanques. O vazamento do óleo residual lubrificante e das máquinas do submarino foi em quantidade mínima e está contido", disse Palmer.
(PEDRO DANTAS)


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