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MST reduziu invasões no período eleitoral
Ações dos sem-terra caíram de julho a outubro de 2006, mas saldo do ano superou em 21% o de 2005
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de invasões de terra caiu no período eleitoral do
ano passado, entre julho e outubro, se comparado com os
anos anteriores do governo
Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar disso, mesmo em ano eleitoral, a quantidade de ações
cresceu em 2006.
Entre janeiro e novembro do
ano passado, o governo federal
registrou 259 invasões a imóveis rurais de todo o país, um
avanço de 21% em relação ao
mesmo período de 2005 -com
213 invasões. O mês de pico foi
março, com 69 invasões.
No ano passado, os sem-terra
diminuíram suas ações entre
julho e outubro, período oficial
das disputas eleitorais nos Estados e na corrida ao Palácio do
Planalto. Em 2006, nesses quatro meses, ocorreram 47 invasões de terra, contra 76 no mesmo intervalo de 2005, 59 em
2004 e 85 em 2003.
Os números mostram um recuo estratégico do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e dos demais
movimentos do campo no segundo semestre do ano passado, quando o presidente petista
disputou a reeleição.
"Nunca existiu uma trégua, e
sim uma constatação de que em
período eleitoral não há com
quem negociar terra nos Estados. Todos [governos estaduais
e federal] estão envolvidos nas
eleições", disse Marina dos
Santos, da coordenação nacional do MST. Segundo ela, a participação oficial do movimento
na campanha de Lula ocorreu
apenas no segundo turno da
disputa, em outubro passado.
Em 2002, os sem-terra tiraram o pé do acelerador. Naquele ano, ocorreram apenas 103
casos, sendo 19 deles entre julho e outubro. À época, o MST
apoiou oficialmente o candidato petista. Desta vez, apenas recomendou o voto à reeleição.
Ontem, após oito meses, a
Ouvidoria Agrária Nacional,
subordinada ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário, divulgou um balanço atualizado
de invasões no campo.
As invasões e as mortes no
campo passaram a ser contabilizadas a partir de 2000. Antes
disso, o governo utilizava dados
colhidos pela CPT (Comissão
Pastoral da Terra).
Dados do governo mostram
que o MST foi responsável por
67% (689 casos) das 1.029 invasões de terra registradas entre
janeiro de 2003 e novembro de
2006. Em 2006, das 259 ações
173 foram organizadas pelo
movimento (66%).
"Em 2007 vamos fazer ações
como há muito tempo não se
fazia. Estamos muito insatisfeitos com o governo Lula, pois
não há nenhuma perspectiva
concreta à reforma agrária",
disse a coordenadora do MST.
O número de mortes no campo tem caído de ano a ano. No
ano passado, entre os meses de
janeiro e novembro, sete assassinatos ocorreram em decorrência de conflitos fundiários,
contra 14 em 2005, 16 em 2004
e 42 em 2003.
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