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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Ressaca brava
Dentre os alvos atingidos pela metralhadora giratória de José Dirceu na revista "Piauí", três preocupam
especialmente o ex-ministro. O primeiro é Hugo Chávez, por ele chamado de "louco" na reportagem. Do
trânsito com o presidente venezuelano dependem alguns de seus negócios de consultor na América Latina. O segundo é Luiz "estaria se metendo demais" Favre, marido de Marta Suplicy. O bom relacionamento
com a ministra e seu grupo é vital para a preservação
do espaço de Dirceu dentro do PT. Por fim, mas não
menos importante, há Lulinha, aquele que "não se
importa com a verdade". Ontem, o deputado cassado
alegou que falava de outra pessoa, mas, em privado,
mais de um companheiro já o ouviu se referir dessa
maneira ao filho do presidente. Que deve ter adorado.
Testemunhal. Enquanto
José Dirceu teme possíveis
danos à política e aos negócios, advogados dos mensaleiros se preocupam com a defesa enfática de Delúbio Soares
feita pelo ex-ministro na reportagem e com seu reconhecimento de que "malas de dinheiro" circulavam pelo PT.
Sujeito oculto. Ao investir
contra o caixa dois utilizado
na construção da sede do PT-RS, Dirceu mencionou Olívio
Dutra e Raul Pont. Mas seu alvo, como sempre, era o ministro da Justiça, Tarso Genro.
Cruzada. De acordo com
aliados, o próximo objetivo de
Dirceu em solo gaúcho é fazer
com que a deputada federal
Maria do Rosário derrote o
ex-ministro Miguel Rossetto,
apoiado por Tarso, na prévia
que escolherá o candidato do
PT a prefeito de Porto Alegre.
Túnel do tempo. Em
2001, a construção da atual
sede do PT gaúcho contou
com a ajuda financeira da direção nacional. O tesoureiro à
época, que liberou os fundos,
era Delúbio Soares. O presidente do partido, Dirceu.
Papagaio. Um rombo de R$
2 milhões em dívidas de campanha contribuiu para envenenar as relações do PT do
Rio Grande do Sul com Dirceu. A seção estadual tenta
empurrar R$ 700 mil do buraco para o PT nacional, cuja tesouraria é hoje ocupada por
Paulo Ferreira. Gaúcho e aliado do ex-ministro, ele ainda
não atendeu a demanda.
Guarda-chuva. Como Lula prometeu preservar o dinheiro dos programas sociais
mesmo com a queda da
CPMF, todo mundo quer se
abrigar nessa categoria. É assim, por exemplo, que a Secretaria da Igualdade Racial
tentará salvar os R$ 2 bilhões
que pretendia destinar a comunidades quilombolas.
Palavras. Com o PAC da
Defesa na linha de fogo por
causa dos cortes no Orçamento, a promessa de Lula de modernizar a frota da FAB com
"equipamentos de última geração", feita em visita à base
da Aeronáutica em Pirassununga (SP), em 14 de dezembro, deve ir para o espaço.
"Tenham certeza de que vocês serão privilegiados", disse
aos aeronautas na ocasião.
Em progresso. As contratações de funcionários prosseguem, apesar do anúncio de
sua suspensão devido aos cortes orçamentários. Ontem
saíram concursos para 140
cargos na Capes, ligada ao Ministério da Educação, e para
94 no Ministério do Esporte.
Troca. Fustigado pela Comissão de Ética Pública por
acumular a presidência do
PDT e o Ministério do Trabalho, Carlos Lupi segue tirando
petistas de postos-chave da
pasta. Um dos últimos remanescentes da sigla, Antônio
Biondi Lima, foi exonerado
ontem da direção do Departamento de Qualificação.
Acéfalo. O PSDB procura
seu candidato a prefeito de
Belém (PA) entre dois ex-governadores tucanos. Está difícil: Simão Jatene quer se
guardar para a disputa de
2010, enquanto Almir Gabriel
anuncia que pretende se aposentar e mudar para São Paulo, onde vivem seus filhos.
Tiroteio
"O Zé Dirceu tem razão. A visão estreita da
direção do PT gaúcho nos deu belas
vitórias políticas e poucas vitórias
eleitorais. Estamos cansados disso."
Do deputado MARCO MAIA, aliado do ex-ministro, endossando sua crítica à aversão por alianças manifestada por dirigentes do PT no Estado.
Contraponto
A cobrar
O ministro das Cidades, Márcio Fortes, costuma dar divulgação ampla e irrestrita ao número de seu celular. Explica que faz isso para se mostrar acessível a quem quer
que seja: colegas de governo, parlamentares, jornalistas e
cidadãos que encontra em suas andanças pelo país.
O hábito já lhe rendeu os diálogos mais inusitados. Dias
atrás, Fortes atendeu o telefonema de um repórter de
uma emissora de rádio do interior de Minas.
-Sou eu mesmo-, saudou o ministro.
O repórter queria colocá-lo no ar para falar sobre uma
obra em sua região. Fortes topou. E então veio o pedido:
-O sr. pode me ligar de volta? Senão fica muito caro...
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