São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Ressaca brava

Dentre os alvos atingidos pela metralhadora giratória de José Dirceu na revista "Piauí", três preocupam especialmente o ex-ministro. O primeiro é Hugo Chávez, por ele chamado de "louco" na reportagem. Do trânsito com o presidente venezuelano dependem alguns de seus negócios de consultor na América Latina. O segundo é Luiz "estaria se metendo demais" Favre, marido de Marta Suplicy. O bom relacionamento com a ministra e seu grupo é vital para a preservação do espaço de Dirceu dentro do PT. Por fim, mas não menos importante, há Lulinha, aquele que "não se importa com a verdade". Ontem, o deputado cassado alegou que falava de outra pessoa, mas, em privado, mais de um companheiro já o ouviu se referir dessa maneira ao filho do presidente. Que deve ter adorado.

Testemunhal. Enquanto José Dirceu teme possíveis danos à política e aos negócios, advogados dos mensaleiros se preocupam com a defesa enfática de Delúbio Soares feita pelo ex-ministro na reportagem e com seu reconhecimento de que "malas de dinheiro" circulavam pelo PT.

Sujeito oculto. Ao investir contra o caixa dois utilizado na construção da sede do PT-RS, Dirceu mencionou Olívio Dutra e Raul Pont. Mas seu alvo, como sempre, era o ministro da Justiça, Tarso Genro.

Cruzada. De acordo com aliados, o próximo objetivo de Dirceu em solo gaúcho é fazer com que a deputada federal Maria do Rosário derrote o ex-ministro Miguel Rossetto, apoiado por Tarso, na prévia que escolherá o candidato do PT a prefeito de Porto Alegre.

Túnel do tempo. Em 2001, a construção da atual sede do PT gaúcho contou com a ajuda financeira da direção nacional. O tesoureiro à época, que liberou os fundos, era Delúbio Soares. O presidente do partido, Dirceu.

Papagaio. Um rombo de R$ 2 milhões em dívidas de campanha contribuiu para envenenar as relações do PT do Rio Grande do Sul com Dirceu. A seção estadual tenta empurrar R$ 700 mil do buraco para o PT nacional, cuja tesouraria é hoje ocupada por Paulo Ferreira. Gaúcho e aliado do ex-ministro, ele ainda não atendeu a demanda.

Guarda-chuva. Como Lula prometeu preservar o dinheiro dos programas sociais mesmo com a queda da CPMF, todo mundo quer se abrigar nessa categoria. É assim, por exemplo, que a Secretaria da Igualdade Racial tentará salvar os R$ 2 bilhões que pretendia destinar a comunidades quilombolas.

Palavras. Com o PAC da Defesa na linha de fogo por causa dos cortes no Orçamento, a promessa de Lula de modernizar a frota da FAB com "equipamentos de última geração", feita em visita à base da Aeronáutica em Pirassununga (SP), em 14 de dezembro, deve ir para o espaço. "Tenham certeza de que vocês serão privilegiados", disse aos aeronautas na ocasião.

Em progresso. As contratações de funcionários prosseguem, apesar do anúncio de sua suspensão devido aos cortes orçamentários. Ontem saíram concursos para 140 cargos na Capes, ligada ao Ministério da Educação, e para 94 no Ministério do Esporte.

Troca. Fustigado pela Comissão de Ética Pública por acumular a presidência do PDT e o Ministério do Trabalho, Carlos Lupi segue tirando petistas de postos-chave da pasta. Um dos últimos remanescentes da sigla, Antônio Biondi Lima, foi exonerado ontem da direção do Departamento de Qualificação.

Acéfalo. O PSDB procura seu candidato a prefeito de Belém (PA) entre dois ex-governadores tucanos. Está difícil: Simão Jatene quer se guardar para a disputa de 2010, enquanto Almir Gabriel anuncia que pretende se aposentar e mudar para São Paulo, onde vivem seus filhos.

Tiroteio

"O Zé Dirceu tem razão. A visão estreita da direção do PT gaúcho nos deu belas vitórias políticas e poucas vitórias eleitorais. Estamos cansados disso."


Do deputado MARCO MAIA, aliado do ex-ministro, endossando sua crítica à aversão por alianças manifestada por dirigentes do PT no Estado.

Contraponto

A cobrar

O ministro das Cidades, Márcio Fortes, costuma dar divulgação ampla e irrestrita ao número de seu celular. Explica que faz isso para se mostrar acessível a quem quer que seja: colegas de governo, parlamentares, jornalistas e cidadãos que encontra em suas andanças pelo país.
O hábito já lhe rendeu os diálogos mais inusitados. Dias atrás, Fortes atendeu o telefonema de um repórter de uma emissora de rádio do interior de Minas.
-Sou eu mesmo-, saudou o ministro.
O repórter queria colocá-lo no ar para falar sobre uma obra em sua região. Fortes topou. E então veio o pedido:
-O sr. pode me ligar de volta? Senão fica muito caro...


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