São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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Reeleição de líder tucano causa racha no PSDB

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A recondução do deputado José Aníbal (SP) à liderança do PSDB na Câmara resultou em racha dentro do partido. O grupo liderado pelo ex-ministro da Educação Paulo Renato (SP) acusou o grupo de Aníbal de "golpista e antidemocrático". A alegação é que o estatuto tucano foi mudado "com o intuito nefasto de alterar as regras e permitir a reeleição consecutiva" e que a "norma que interditava a reeleição havia sido ratificada pela bancada, por unanimidade", em outubro.
Dezenove dos 59 deputados da bancada, incluindo o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), assinaram o ato contra Aníbal, nomeado de "Movimento, Unidade, Democracia e Ética". O grupo diz que não seguirá "a orientação do atual líder da bancada por considerar ilegítima a sua eleição" e que encaminhará o assunto para a Executiva Nacional do partido. Feldman é secretário de Esportes da Prefeitura de São Paulo e aliado do governador José Serra. Licenciado da Câmara, ele voltou à Casa anteontem, mas deve retornar ao posto em São Paulo esta semana. Além de Feldman e Paulo Renato, outros deputados ligados a Serra, como Arnaldo Madeira (SP) e Emanuel Fernandes (SP), também fazem parte da dissidência do PSDB. Apesar disso, o grupo nega que a "rebelião" tenha algum tipo de fator externo e que Feldman tenha sido enviado por Serra para impedir que Aníbal se reelegesse.
O chefe da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, também nega que Serra tenha tentado influenciar na escolha. Questionado por que a escolha de Aníbal fora debitado na conta do governador, ele respondeu: "Serra é a conta aberta de plantão. Mas não há um deputado que possa dizer que o governador tenha pedido votos". Ao mesmo tempo em que nega interferência, integrantes do novo movimento acusam os rivais de serem patrocinados pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves. "O clima está muito ruim, nunca vi os deputados tucanos nem se falarem (...) Toda a bancada mineira se envolveu nessa reeleição não foi à toa e nós estamos vendo isso", disse Gustavo Fruet (PSDB-PR), que assinou o manifesto.
Todos os tucanos mineiros apoiaram Aníbal. O grupo dissidente não foi à votação. Aníbal nega a participação de Aécio e ontem, do plenário, disse que vai trabalhar pela unidade do partido. "Tenho maioria e essa maioria autorizou o uso do estatuto original", disse depois à imprensa. A reeleição do novo líder tucano aconteceu na manhã de ontem com o voto de 36 dos 37 deputados presentes.

Colaborou CATIA SEABRA , da Reportagem Local


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