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Jobim diz que compra de novos caças da FAB ainda não foi definida
Defesa afirma que o relatório da Aeronáutica foi entregue em janeiro e que ministério analisa aspectos políticos e estratégicos
No Senado, Comissão de Relações Exteriores aprovou requerimento para que o ministro explique a escolha, mas ida não é obrigatória
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, negou ontem que o governo já tenha escolhido o caça
francês Rafale.
O ministro foi questionado
sobre o assunto ontem pela
manhã durante o anúncio do 3º
balanço do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
"Não está definida a compra
dos caças, o procedimento está
em andamento no Ministério
da Defesa. A notícia não tem
fundamento", afirmou o ministro, sem dar mais detalhes e referindo-se a reportagem publicada ontem pela Folha.
A negativa do ministro, no
entanto, é protocolar. O governo já bateu o martelo sobre a
compra dos caças franceses,
após uma redução dos preços.
Posteriormente, a Defesa divulgou nota em que afirma que
o relatório da avaliação técnica
do programa F-X2 foi entregue
pela FAB no dia 6 de janeiro e
que estão sendo desde então
feitas "análises dos aspectos
políticos, estratégicos e financeiros do referido pacote tecnológico", baseadas na Estratégia Nacional de Defesa.
A nota informa também que
a Defesa poderá receber mais
dados dos concorrentes e que,
assim que Jobim finalizar o
processo, submeterá suas conclusões ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A FAB, por sua vez, limitou-se a dizer, em nota, que não recebeu nenhuma "comunicação
oficial" sobre o assunto. Isso
não significa que não tenha havido conversas entre Jobim e o
comandante da Aeronáutica,
Juniti Saito, após a reunião fechada entre o ministro e Lula,
na qual foi analisada a nova
proposta dos franceses.
Ontem, a Comissão de Relações Exteriores do Senado
aprovou convite para que Jobim se explique sobre o tema. A
data não foi marcada, e ele pode se recusar a ir à Casa.
Constrangimento
O requerimento já havia sido
elaborado por Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Renato Casagrande (PSB-ES) antes de a Folha revelar que Lula e Jobim já
decidiram pelo Rafale. Ambos
não foram à sessão da Comissão de Relações Exteriores.
Em seu pedido, Azeredo diz
que a preferência pelos franceses manifestada pelo governo
antes da decisão final "tem causado constrangimentos" à FAB.
O senador Heráclito Fortes
(DEM-PI), que presidiu a sessão e votou a favor do convite,
disse que iria aguardar uma
resposta oficial sobre a compra,
mas argumentou ser contra a
decisão. "Se bateu o martelo, é
temerário, estranho. De que
adianta um laudo técnico da
Aeronáutica, que será responsável por manutenção e uso?"
O Congresso, porém, não
tem poderes para anular a decisão do presidente. Lula deverá
submeter a decisão ao Conselho de Defesa Nacional, do qual
participam os presidentes do
Senado e da Câmara, mas o órgão é meramente consultivo.
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