São Paulo, sexta-feira, 05 de fevereiro de 2010

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Aécio nega em público, mas já avalia ser vice

Em conversas com aliados, governador se mostra receptivo a argumento de que sua ajuda será reconhecida pelo partido

Para evitar pressão, mineiro mantém discurso de que vai disputar Senado; decisão só deverá ser anunciada depois que tucano deixar o governo


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Embora continue negando publicamente, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), já admite, em conversas com interlocutores, a hipótese de ocupar a vice na chapa do governador de São Paulo, José Serra, à Presidência da República.
Segundo aliados, Aécio se mostra maleável ao argumento de que seu esforço será reconhecido pelo partido se aceitar a vice. O momento mais tenso dessas conversas ocorre quando aliados ponderam que Aécio poderá ser responsabilizado por uma eventual derrota do PSDB, caso resista ao apelo.
Apesar de já conversar sobre a hipótese, Aécio reserva essa decisão para depois de abril. Ele pretende deixar o cargo em março, mas poderá deixar para traçar seu destino político nas convenções de junho.
Até lá, poderá acompanhar o desempenho de Serra nas pesquisas, caso o governador de São Paulo se afaste mesmo do cargo para concorrer.
Aécio ainda sonha com a hipótese de ser o candidato tucano à Presidência, encabeçando uma chapa com o ex-governador Geraldo Alckmin na vice. Esse cenário seria possível caso Serra desistisse de concorrer à Presidência, candidatando-se à reeleição no Estado.
Um dos argumentos que aliados de Aécio levam em conta para encorajá-lo a aceitar a vaga de vice é que, ainda que perca, ao lado de Serra, a disputa para a ministra Dilma Rousseff (PT), o mineiro conquistará visibilidade nacional, além de se credenciar para 2014.
No cenário em que Serra fosse eleito, seria grato a Aécio. Já numa derrota em que o governador mineiro tivesse se recusado a ser vice, poderia ser responsabilizado pelo resultado.
Por fim, aliados de Aécio ponderam que ele não tem perfil para o papel de líder da oposição e corre o risco de não ter tanta visibilidade no Senado.
Ainda assim, Aécio se irrita quando o assunto vem à tona e voltou a negar ontem a possibilidade de participar da chapa na condição de candidato a vice. "Não, nem cogito essa possibilidade", afirmou Aécio.
O crescimento de Dilma Rousseff nas pesquisas, como na CNT/Sensus, divulgada nesta semana, reacendeu a discussão sobre a chamada chapa "puro-sangue" no PSDB.
Antes de ser questionado ontem mais uma vez sobre se será vice de Serra, Aécio havia dito que seu futuro é o Senado.
"Quanto ao futuro, fiz uma opção muito clara hoje: serei candidato ao Senado da República por Minas Gerais e, no Congresso, quero dar continuidade ao trabalho que iniciamos aqui, defendendo, lá, os interesses de Minas Gerais."
Aécio tem viajado pelo Estado inaugurando obras na companhia do vice-governador Antonio Anastasia, que em abril assumirá o governo do Estado e tentará se eleger governador. Aécio está empenhado em fazer dele o seu sucessor.
Sobre a pré-candidatura de Serra, Aécio disse que é um nome "extremamente qualificado" e que tem "todas as condições de apresentar um projeto novo para o Brasil".


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