|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
Radicalismo escondia generosidade e humor
JOSÉ LINO GRÜNEWALD
especial para a Folha
Paulo Francis era um ícone de
nossa cultura. ``Fairplay'', iconoclasta, intransigente, humorista,
solidário e sarcástico. Esquerda &
direita. Filósofo, Wittgenstein,
grande jornalista, cinema, teatro,
literatura. Gastronomia.
Éramos editorialistas políticos
do ``Correio da Manhã'', entre
1966 e 1969, quando o velho ``Correio'' afrontava a ditadura e até uns
princípios moralistas da época.
Editamos juntos o 4º caderno,
que era um caderno cultural em
que, pela primeira vez, misturavam-se artigos políticos com artigos estéticos. Em 1967, ele foi o diretor da revista ``Diners'', de alto
gabarito cultural. Dirigiu o ``Pedro Mico'', de Antonio Callado,
com Milton Moraes. Por tudo isso,
foi um marco de nossa cultura.
Paulo Francis foi sempre amigo
dos amigos, jamais roeu a corda.
Ele podia parecer antipático, por
seu radicalismo, mas as pessoas
não conheciam o seu fairplay, a
sua bonomia e a sua generosidade.
Ele, quando na fase final começou a fazer suas páginas, marcou
uma certa atitude cultural e foi
sempre dialético. Ele reconhecia
os erros, não era o dono da verdade, como aparentava para os adversários políticos.
Eu e ele vivíamos com nossos
drinks, nossos papagaios e nossas
óperas. E isso era um paraíso.
José Lino Grünewald é poeta, tradutor e ensaísta. Acaba de lançar o livro ``Pedra de Toque
da Poesia Brasileira''.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|