São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


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ELEIÇÕES 2000
Parlamentares negam ligação com pré-candidatura e afirmam que sempre dão verbas a cidades
Deputados dizem retribuir aos eleitores

da Sucursal de Brasília

Os deputados que concentram recursos na cidade onde são pré-candidatos apresentam duas justificativas para a estratégia: sempre fizeram isso e precisam retribuir os votos das últimas eleições.
Dr. Hélio (PDT-SP) afirmou que usou o critério do orçamento participativo para destinar R$ 1,1 milhão para Campinas. "Tenho orgulho de ter sido o campeão de verbas para Campinas", disse.
Nelson Pellegrino (PT-BA) justificou o R$ 1,1 milhão reservado para Salvador: "É o retorno. Sou o deputado mais votado aqui. Tenho que fazer a minha parte".
Fernando Marroni (PT-RS) disse que destinou R$ 1 milhão para a implantação de uma unidade de emergência do hospital da universidade local, que atende a municípios da região.
Jorge Tadeu Mudalen (PMDB-SP) explicou por que deu R$ 360 mil em Guarulhos: "É razoável. Sempre tive em torno de 50 mil votos na cidade. O prefeito não é afinado comigo, mas a cidade não pode ser penalizada por isso".
Celso Jacob (PDT-RJ), que mandou R$ 690 mil para Três Rios, disse que teve 74% dos seus votos na cidade. "Tenho obrigação de corresponder à expectativa. O prefeito é contra mim, mas tenho que pensar no povo."
Geraldo Simões (PT-BA) afirmou que destinou R$ 900 mil para Itabuna porque o sul da Bahia foi esquecido pela bancada. "Das dez emendas de bancada, nenhuma foi para a região. O prefeito é meu adversário, mas tudo bem."
"Sempre fiz assim. Não é em função da questão eleitoral", diz Valdeci Oliveira (PT-RS), que deu R$ 900 mil a Santa Maria.
Maria do Carmo (PT-MG), ao justificar os R$ 600 mil que reservou para Betim, disse: "Não tem o sentido eleitoral. Já fui prefeita e tenho um trabalho social na cidade, com crianças portadoras de deficiência. É uma área de excluídos, que nem voto dá".
Émerson Kapaz (PPS-SP), que destinou R$ 1 milhão a São Paulo, disse que observou um "equilíbrio" com o seu percentual de votação. "Usei a verba para atender a criança, o adolescente. Não usei para pontes, viadutos, como outros deputados fazem", afirmou.
Ângela Guadagnin (PT-SP) mandou R$ 796 mil para São José dos Campos atendendo a orientações da sua base. "Tenho um conselho de mandato nas cidades onde fui votada. O conselho indica onde devo colocar os recursos."
Vic Pires Franco (PFL-PA) disse que colocou R$ 900 mil no pronto-socorro de Belém porque o hospital atende a todo o Estado. "Aquilo é uma guerra da Bósnia."
Norberto Teixeira (PMDB-GO), que mandou R$ 955 mil para Aparecida de Goiânia, disse que cumpriu com o seu dever. "Tive 90% dos meus votos na cidade."
João Fassarela (PT-MG) justificou os R$ 700 mil que destinou a Governador Valadares: "É lógico. Tenho 80% dos votos aqui. Mas não tem a ver com a eleição. Quem vai executar é o prefeito, que é meu adversário".
Éber Silva (PDT-RJ) concentrou as emendas em Campos porque o município "é carente" e porque teve 65% dos votos na cidade.
Alex Canziani (PFL-PR) mandou R$ 545 mil para Londrina. "Sou oposição ao prefeito, mas tenho que trazer recursos", disse.
Clóvis Volpi (PSDB-SP) e Jair Meneguelli (PT-SP) se uniram para conseguir recursos para Ribeirão Pires e São Caetano. Os dois apresentaram emendas para os municípios, atendendo a pedido da Câmara Regional do ABC.
Carlito Mers (PT-SC) mandou R$ 530 mil para Joinville, onde disputará a prefeitura com o atual governante. "A cidade merece mais do que essas picuinhas."
Antonio Palocci (PT-SP), que deu R$ 680 mil a Ribeirão Preto, também concorrerá com o atual prefeito. "Não estou usando critérios eleitorais. Eu estou dando dinheiro para o meu adversário."
João Magno (PT-MG) justificou os R$ 350 mil reservados para Ipatinga: "Preciso fazer justiça com a região onde fui votado".
Ronaldo Cézar Coelho (PSDB-RJ) deu R$ 400 mil à capital e R$ 500 mil a São Gonçalo. "Faço melhor para o Rio se investir na Baixada. Ou eu deveria mandar dinheiro para Ipanema?" (LV)


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