São Paulo, domingo, 05 de março de 2006

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PAINEL

Fora do manual
Com o que lhes resta de juízo, os tucanos concluíram que a disputa interna pela candidatura presidencial deixou o partido a poucos metros da curva Tamburello. E que somente uma inflexão radical poderá salvá-los do desastre em outubro.

Cubo mágico
Entendem os ajuizados que, para ter chance de dar certo, a manobra terá de acomodar os interesses aparentemente inconciliáveis dos dois protagonistas do drama do PSDB: José Serra e Geraldo Alckmin.

Pré-requisito 1
Aliados de Alckmin reconhecem que existe uma exigência a ser cumprida pelo governador se quiser mesmo disputar a Presidência: comprometer-se com uma emenda constitucional que ponha fim à reeleição já durante seu eventual mandato.

Pré-requisito 2
Só assim, avaliam os alckmistas, ele conseguiria costurar o apoio dos grão-tucanos que ficariam na fila para 2010, a começar por Serra. Até hoje, o governador tem se feito de surdo quando correligionários lhe pedem uma manifestação pelo fim do mecanismo reeleitoral.

Noite dos desesperados
De um tucano exaurido, sobre a definição que nunca chega: "Se bobear, o Big Brother Brasil acaba antes de sair o resultado do paredão do PSDB".

Medalha de ouro
Possível candidato ao governo paulista, Orestes Quércia gosta de lembrar a seus interlocutores que tem o maior patrimônio individual de votos do PMDB (5,5 milhões na eleição perdida para o Senado, em 2002).

Novo endereço
Delúbio Soares deixou o apartamento alugado em que vivia no bairro dos Jardins. O ex-tesoureiro do PT mudou-se para outro, de familiares, na Vila Buarque, centro da capital.

Quero mais
Só o nome do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) como beneficiário do valerioduto não aplacará a fúria petista. No relatório alternativo ao de Osmar Serraglio (PMDB-PR) que o partido prepara na CPI dos Correios, vai sobrar para os governos tucanos de Minas e Goiás.

Dente por dente
Se Lula entrar no relatório de Serraglio, o contra-ataque será carimbar Fernando Henrique Cardoso, apontando desvios de recursos públicos em contratos de Marcos Valério com estatais e órgãos do governo durante os mandatos do tucano.

No bunker
Comandante dos governistas na CPI, Ideli Salvatti (SC) dá o tom: "Serraglio que não venha só com essa história de Azeredo". O texto alternativo e as emendas apresentadas pelo PT contam com a ajuda de petistas graúdos do governo.

Jogo jogado
João Paulo Cunha (PT-SP) procurou um a um os membros do Conselho de Ética antes que o relatório que pede sua cassação vá a voto. O ex-presidente da Câmara disse que o PT não pedirá vistas ao texto de Cezar Schirmer (PMDB-RS) para postergar a votação do processo.

Braços cruzados
É deliberada a falta de empenho da deputada Angela Guadagnin (PT-SP) para concluir o processo contra José Janene (PP-PR) no Conselho de Ética. Primeira testemunha, o sócio da corretora Bônus-Banval Enivaldo Quadrado será ouvido somente nesta semana.

Os especialistas
Cinco parlamentares brasileiros ligados à área de segurança embarcaram neste final de semana para Toronto, a convite do governo canadense, sob pretexto de ajudar a apontar soluções para conter uma "onda de violência" na cidade.

TIROTEIO

Do historiador Marco Antonio Villa sobre Lula insistir na comparação com JK:
-Lula quer pegar carona na minissérie da TV. No período de JK, o Brasil era o país que mais crescia na América Latina. Hoje, está à frente apenas do Haiti. Quando o assunto é história, ele é um bom ficcionista.

CONTRAPONTO

Artes do interrogatório

Sub-relator da CPI dos Correios, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) anda aborrecido com a quantidade de negativas que os interrogados pela comissão costumam apresentar. Em depoimento recente, ele se dirigiu ao investigado:
-O senhor esteve neste local?-, disse, enquanto exibia o endereço de uma determinada empresa ao depoente.
O sub-relator tinha informações seguras sobre a visita.
O homem não se intimidou:
-De jeito nenhum!
O sub-relator pediu então aos técnicos que acionassem a tela de projeções. Foi quando o depoente, lívido, afirmou:
-Gostaria de corrigir uma informação: eu estive na empresa.
-Podem parar-, disse Cardozo aos técnicos, que riam sozinhos. O homem imaginava que eles fossem projetar uma foto sua no local. Na verdade, tratava-se de um gráfico qualquer.


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